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Campinas é a 3ª em número de agressão na escola

Por: Correio Popular - 01.01.17

 
 
Campinas é a terceira cidade no Estado de São Paulo que mais registrou violência contra professores na rede estadual de ensino. Foram 27 casos, segundo estatística que concentra dados desde o final de 2013. O município perde apenas para a Capital, com 47 casos, e para Mauá, com 31. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que ao menos 23 professores da rede pública estadual sofrem agressões no ambiente escolar por mês. A taxa é a maior registrada nos últimos dois anos - em 2015 o índice era de 15 docentes por mês e em 2014, 20.
 
De janeiro a 31 de julho deste ano, as cerca de 5,2 mil escolas da rede pública paulista registraram 164 episódios de agressão. Em todo o ano passado foram 188 e em 2014, 237. A Secretaria Estadual de Educação afirma que os dados começaram a ser compilados de forma sistemática no fim de outubro de 2013 e que não haveria possibilidade de comparar uma série histórica mais longa. A Capital concentra um em cada quatro casos - foram 42 episódios de violência contra os docentes apenas neste ano, a maior parte (15) na zona Leste da cidade.
 
Se consideradas as estatísticas desde o fim de 2013, depois da Capital, as cidades com mais casos são Mauá (31), Campinas (27), Guarulhos (20), São Bernardo do Campo (18), Santo André (18), Itapevi (18) e Suzano (16). Além de causar traumas, as agressões podem afastar os professores da sala de aula - e até do magistério. Quando retornam, os docentes são readaptados e alguns passam a exercer funções de secretaria ou outros órgãos.
 
Danilo Magrão, diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), afirma que a violência contra o professor é um problema que se estende há um bom tempo e que é também atinge toda a comunidade escolar. “Reflete a escola como um espaço que cada vez menos é direcionado para resolver os problemas do ponto de vista pedagógico e é cada vez mais uma área de conflito. São poucas ou nenhuma escola que dá assistência psicológica para alunos e professores. Uma medida simples como essa poderia evitar bastante esses casos”.
 
Magrão aponta problemas estruturais, como a superlotação das salas de aula, cada vez menos inspetores nos intervalos e corredores. “É uma estrutura escolar que é impossível não se chegar ao caos com ela. E tudo que poderia se ter para evitar o conflito, a violência não existe. O resultado invariavelmente é uma crescente da violência contra professores e contra toda a comunidade escolar”. Ele também ressaltou que a categoria de professor é a que tem mais licença por adoecimento. “O professor é submetido a situação de violência, é sobrecarregado e tem a licença negada”.
 
Doutorando em Educação, pela Unicamp, Mauro Sala é ex-professor da rede estadual e atualmente dá aulas no Instituto Federal de São Paulo. Ele afirma que as agressões são constantes e os números demonstram isso. “A tensão é constante na escola e quando tem casos de violência é preciso tomar providências cabíveis. Criminaliza-se muito o estudante, mas é preciso pensar no quanto as relações na escola estão deterioradas, em constante tensão e prontas para levar à essa situação de violência”.
 
Segundo ele, a condição de ensino é difícil e a escola muitas vezes é uma prisão, o que gera revolta e violência. Sala também aponta como violência a jornada exaustiva à qual o professor é submetido por conta dos baixos salários. “No Estado de São Paulo, podemos acumular até 65 horas de trabalho por semana. Tanto acumulando cargo, ou tendo um cargo efetivo e pegando aulas como categoria O. Isso gera estresse, tensão, diminuição da qualidade da aula e a aprendizagem não se torna o principal. A jornada dos alunos pouco qualitativa, gera impaciência, hostilidade, não reconhecimento. Essas condições, colocam todos os sujeitos - professor e aluno - em precariedade. E a escola deixa de cumprir seu papel”.
 
Sistema
A Secretaria da Educação do Estado afirma que os dados têm como base um sistema chamado Registros de Ocorrência Escolares (ROE) - criado para identificar situações de vulnerabilidade entre os estudantes e seus pares, com fins exclusivos de administração escolar e pedagógica, “sem valor estatístico sobre violência”. E que o ROE foi criado para identificar casos que precisam de intervenção da diretoria de ensino ou secretaria.
 
A secretaria informa ainda que os 164 casos registrados neste ano corresponderiam a 0,07% dos 207 mil docentes da rede estadual e mais, dentro desse número estão contemplados registros como falta de disciplina, tais como: falar demasiadamente em horário de aula, pedir muitas vezes para sair, insistir na mudança da nota, entre outras ações que quando exageram são registradas, mas que não são atípicos dentro de uma escola. No número apresentado também estão registradas comportamentos agressivos, agressões verbais e físicas. Os casos mais graves de agressão são registrados pela Polícia Civil. 
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