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Qui, 08 de Janeiro 2015 - 16:09

Escolas de lata incendiadas na periferia de SP têm destino incerto em 2015

Alunos foram remanejados para outras escolas; projetos para reconstrução dos prédios ainda estão em desenvolvimento

Por: Por Bárbara Libório - iG São Paulo | 06/01/2015 10:00

Ao menos duas escolas estaduais de estrutura metálica – conhecidas popularmente como "escolas de lata" e chamadas de "padrão Nakamura" pelo governo do Estado – foram incendiadas neste ano na periferia da capital paulista.

Uma delas, a Escola Estadual Recanto Campo Belo, situada na zona sul da cidade, no bairro de Parelheiros, sofreu dois incêndios em menos de um mês, um em 26 de março e outro em 9 de abril. 

O delegado Fred Reis de Araújo, assistente do 25º Distrito Policial, em Parelheiros, afirma que sobre o primeiro incêndio não apontaram indícios de crime e que o inquérito policial foi relatado à Justiça. Já no segundo episódio, segundo o delegado, três pessoas foram detidas em flagrante. Os alunos foram transferidos para outra escola da região.

Leia mais: Governo nega, mas 'escolas de lata' resistem na periferia de São Paulo

O caso mais recente foi o da Escola Estadual Renata Menezes, situada no mesmo bairro, incendiada no dia 12 de novembro. Cerca de 600 alunos do Ensino Fundamental I tiveram que ser realocados para outra escola da região.

A escola tinha estrutura metálica e, segundo uma funcionária que não quis se identificar, sofria com os problemas característicos da estrutura. "Era muito quente, fazia muito calor. Foi feita uma estufa para diminuir a temperatura", conta.

Segundo o delegado Araújo, as investigações sobre o incêndio ainda estão em andamento. No entanto, de acordo com informações da funcionária, os profissionais da escola foram informados de que há indícios de que o incêndio tenha sido criminoso.

Em 2015, os alunos e funcionários devem continuar alocados na Escola Estadual Joaquim Álvarez Cruz, que já atende 1.100 alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. "Foi feito um bem bolado para atender a todos. O Fundamentam I tem aula das 7h às 12h, o Fundamental II tem aula das 13h às 18h, e o Ensino Méndio e Ensino para Adultos, das 19h às 23h. Vamos ter que fechar salas: eram 20 e ficarão 16", diz a funcionária.

Isso significa que as salas terão um número maior de alunos. "Todas as salas ficarão com mais de trinta alunos. No caso das crianças, isso pode prejudicar a alfabetização. É mais difícil dar aulas com a sala lotada", explica.

A profissonal também conta que a equipe de limpeza da Escola Estadual Renata Menezes foi dispensada após a realocação. "Eles são contratado por metros e a escola não suporta todos os funcionários. Os pais e alunos não gostaram, pois a escola é muito suja e sem funcionários fica pior. Queremos saber: quem vai limpar as salas, os professores?". A antiga escola também contava com uma sala de literatura que, agora, não existe mais.

Segundo a funcionária, há informações de que um novo local pode demorar até três anos para ser construído. "O prédio está dividido. Estamos apertados, mas conseguimos nos ajeitar. É o que tem, é o que podemos fazer", diz outra profissional da escola. 

De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os alunos das duas escolas estaduais "foram transferidos para unidades do mesmo bairro e, mediante necessidade, atendidos com transporte escolar". O órgão afirma que, para ambas as escolas, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão que administra os contratos de obras da Pasta, está na fase de desenvolvimento de projetos para reconstrução dos prédios atingidos.

"Pode ser revolta", diz presidente de sindicato de professores

Para a professora Maria Izabel Azevedo Noronha (Bebel), presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), os incêndios criminosos podem ser motivados pela revolta dos usuários. "Colocar um filho seu em uma escola dessa [de lata] em pleno século XXI é revoltante. Conviver com esse modelo de escola é um absurdo", afirma.

As escolas "padrão Nakamura", que possuem estrutura metálica e são revestidas por alvenaria, são conhecidas pelos problemas com o isolamento térmico e sonoro.

"Essas escolas têm, em média, uns 15 anos. Uma parte já acabou, mas ficaram algumas. Na periferia ainda tem bastante. Coincidentemente, são os bairros mais pobres e populosos", diz Maria Izabel.

Escola de alvenaria também foi incendiada

A Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves, que atende alunos do Ensino Fundamental II e é de alvenaria, também foi incendiada, no dia 28 de junho. Segundo o delegado Araújo, as apurações indicaram que houve um curto circuito na fiação da escola.

De acordo com a Secretaria de Educação, "os alunos do local continuam a frequentar a mesma unidade de ensino e as salas de aula foram remanejadas para outro pavilhão da mesma unidade, sem qualquer prejuízo às atividades". A licitação para a reforma do prédio atingido, no valor de R$ 270 mil, já está na fase final.

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