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Ter, 16 de Junho 2015 - 16:28

Governo paulista cancela reunião com Apeoesp que definiria reposição de aulas

De acordo com sindicato dos professores, governo quer impor cronograma de reposição sem debater com comunidade escolar. Entidade denuncia perseguição a grevistas.

Por: Cida de Oliveira, da RBA - Rede Brasil Atual - 15/06/2015

Engenheiro com experiência em metais, o secretário Herman Voorwald pretende reformar o ensino médio

A Secretaria estadual da Educação de São Paulo cancelou reunião marcada para hoje (15) que tinha objetivo de acertar o calendário de reposição das aulas por causa paralisação dos professores, entre 13 de março e a última sexta-feira (12). Com a suspensão da greve, em assembleia, os professores da rede estadual paulista reafirmaram o compromisso assumido com estudantes e pais de repor as aulas que deixaram de ser ministradas.

O cancelamento da reunião, conforme o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), teve como justificativa de que haveria, no mesmo horário, um encontro do secretário Herman Voorwald com o Tribunal de Contas do Estado. Para a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, esta é uma demonstração do desinteresse do governo com a reposição das aulas e dos conteúdos.

"Os professores estão, sim, dispostos a repor, mas querem receber os respectivos pagamentos", afirma Bebel, para quem há uma aparente disposição da secretaria de se negar a discutir a reposição com os professores, da mesma maneira como foi se negando a negociar durante o movimento grevista.

Ainda segundo a dirigente, quem deve decidir sobre o calendário da reposição são os pais e alunos, por meio dos conselhos de escola. "O estado tentar impor, sem discutir com a comunidade, a forma de reposição, aos sábados ou nos meses de julho e janeiro", diz Bebel.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação afirmou à reportagem da RBA desconhecer que houvesse uma reunião marcada com os representantes dos professores. E informou  que cada escola terá autonomia para definir como deverá ser a reposição, levando em conta o impacto da paralisação. E repetindo o discurso do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de que não havia greve, afirmou que nem toda escola deverá repor aulas porque não houve paralisação. E que nos poucos casos em que um ou outro professor aderiu, foram contratados professores temporários.

Demissões

De acordo com o sindicato, há informações de que professores que aderiram à greve estão sendo convocados às suas escolas e comunicados de exonerações e cessações de contrato. Trata-se, conforme a Apeoesp, de um ataque injustificável à categoria, que exerceu o legítimo direito de greve, e uma contradição do secretário Voorwald, que havia assegurado em reuniões que não haveria perseguições.

Bebel reforçou que o movimento dos professores por melhores condições de trabalho e por uma educação pública de melhor qualidade não terminaram com o fim da paralisação.

Uma delas será contra a maneira como o estado tem anunciado que reformará o ensino médio. Para a dirigente, antes de adotar o que ela chama de "currículo a la carte", é preciso definir a identidade dessa etapa de ensino conforme as necessidades desse perfil de aluno – filho de trabalhadores e ele próprio muitas vezes um trabalhador.

"Será uma etapa voltada para o ingresso no mercado de trabalho? Ou para a continuidade dos estudos na universidade?", questiona. "A secretária de Educação de Covas (Rose Neubauer), que impôs a promoção automática, não conseguiu impor um novo modelo de ensino médio. E ela era do ramo da educação. E não é o atual secretário, que nem é do ramo, que vai conseguir impor."

A medida, no seu entender, é mais uma estratégia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para adotar, aos poucos, a promoção automática também no ensino médio. "Ele quer flexibilizar a escolha das disciplinas porque sabe que faltam professores de Física, Química e Matemática – justamente disciplinas que os alunos têm pouca afinidade. Com isso, a tendência é que os estudantes optem por disciplinas da área de humanas, tida como mais atraentes. Com isso, vai-se promover a promoção automática também no ensino médio. E a reprovação acontecerá mais tarde, quando o estudante for reprovado no final."

Segundo seu currículo na base Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Voorwald é engenheiro mecânico pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestre e doutor na mesma área – pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Unicamp, respectivamente. Ainda conforme a base curricular, "tem experiência na área de engenharia de materiais e metalúrgica, com ênfase em propriedades mecânicas dos metais e ligas, atuando principalmente em fadiga, aço ABNT 4340 e resistência à fadiga.

Bebel ainda criticou o secretário por desconhecer a legislação da educação ao ter afirmado, recentemente, que o ensino médio deveria ser responsabilidade dos municípios. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que detalha a Constituição em termos de ensino, cabe aos estados a manutenção, prioritária, do ensino médio.

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