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Qui, 05 de Fevereiro 2015 - 16:28

Droga em escolas é confirmada

Professores da rede estadual de ensino de Mogi das Cruzes confirmaram em entrevista a O Diário, a existência do tráfico e uso de entorpecentes nas escolas da Cidade.

Professores da rede estadual de ensino de Mogi das Cruzes confirmaram, ontem (3), em entrevista a O Diário, a existência do tráfico e uso de entorpecentes nas escolas da Cidade. Após o anúncio feito pela dirigente de ensino, Rosania Morales Morroni, no primeiro dia de aulas, de que ela teria “tolerância zero” contra os entorpecentes nas unidades educacionais, os profissionais questionam de que forma isso será feito, já que não denunciam os casos temendo represálias.

Uma professora da rede pública estadual, que preferiu não se identificar, contou que ela e seus colegas da mesma escola e de outros estabelecimentos já presenciaram situações que evidenciassem a presença das drogas no ambiente educacional. “O que a gente vê e percebe é que o aluno sai de sala num intervalo e entra cheirando maconha, por exemplo. A gente sente o cheiro e a gente sabe que existem aqueles alunos que não estão ali para estudar e sim para servir como iscas para os demais, já que fornecem as drogas. É nítido. No final do ano passado, tivemos um estudante que morreu de overdose. Ele não estava na escola, mas mesmo assim choca porque era nosso aluno e vivia conosco diariamente. Então, essa questão dos entorpecentes realmente está muito presente nas escolas sim e precisa ser resolvida, mas não por nós que não somos policiais e não temos preparo para agir”, afirmou a professora.

Para a educadora Inês Paz, que atua como conselheira da Apeoesp, tratar a presença das drogas dentro das escolas como um caso de Polícia – que é a visão da dirigente de Ensino – não reflete um posicionamento educador. “Tem que fazer um trabalho de prevenção. A gente tem que saber para onde encaminhar o aluno usuário e o traficante também. Temos que fazer um movimento de conscientização. Chamar a Polícia para dentro da escola, na minha visão, é abusivo e pouco eficaz. A Polícia tinha sim que fazer o papel dela, com as rondas escolares, mas de forma contundente e não só no papel. Os jovens precisam ser tratados com mais respeito e atenção. Chegamos num patamar, em Mogi, de que ou nossos jovens morrerão por causa do tráfico ou por causa dessas chacinas morais que vêm sendo praticadas na Cidade, onde morrem adolescentes trabalhadores que pagam o preço por apenas serem jovens”, salientou Inês.

A coordenadora da Apeoesp de Mogi, Vânia Pereira da Silva, considera que a notícia de que a Diretoria de Ensino quer “tolerância zero” contra as drogas nas escolas seja, enfim, um passo para melhorar a situação. “A partir do momento que a dirigente fala isso, ela está admitindo a existência das drogas nas escolas que, até então, estava sendo negada pelo Estado, apesar de todos saberem que seja verdadeira. Já é um passo positivo no caminho para um ambiente educacional melhor. A gente tem vários casos de alunos que são ‘mulas’ nas escolas, ou seja, que levam a droga para dentro dos estabelecimentos de ensino e as vendem. O problema é que se houvesse segurança nas portas das escolas, se as rondas escolares realmente funcionassem e passassem, esses meninos não entrariam com os entorpecentes e o problema seria minimizado. Além disso, nosso professor não é treinado para lidar com essa questão. Ele é um educador e teme abordar um traficante. É natural que haja esse medo. Então gostaríamos muito de saber mais detalhes sobre como a Diretoria de Ensino pretende agir para combater, definitivamente, o uso e venda de drogas nas escolas. Se depender só da Polícia, pelo que sempre estamos ouvindo, não vai funcionar, já que a própria PM alega falta de viatura, falta de efetivo para as rondas, enfim, não tem estrutura para agir em todas as nossas unidades”, ressaltou Vânia.

Questionada sobre o que vem fazendo para combater as drogas e a violência no ambiente escolar, a Polícia Militar garantiu que sempre que é acionada atende as ocorrências. “O retorno às aulas foi dentro do esperado, sem ocorrências e de forma bem tranquila, com viaturas de Ronda Escolar efetuando o patrulhamento e o policiamento nas imediações, proporcionando segurança  na entrada e saída das escolas, e ainda viaturas de Ronda Rural efetuando apoio nas escolas da rede estadual de ensino. Todo chamado é prontamente atendido e ainda contamos com apoio dos professores e educadores e da população, denunciando e auxiliando no combate às drogas na porta das escolas, e isso tem feito a diferença”, resumiu o coordenador operacional interino do 17º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, capitão Anderson dos Santos. (Sabrina Pacca)

O Diário - 04.02

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