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Qua, 28 de Outubro 2015 - 17:50

311 mil alunos vão mudar de escola em São Paulo

Mudança para separar crianças de adolescentes envolve 94 escolas no estado, que serão readequadas - Diário de S.Paulo online

Por: Por: Filipe Sansone / filipe.sansone@diariosp.com.br

Protesto de alunos de escolas públicas na semana passada / Divulgação

 

Secretário Estadual de Educação, Herman Voorward, anunciou, na segunda-feira (26), que 311 mil alunos da rede serão transferidos de suas escolas em todo o estado por conta da reestruturação promovida pela pasta. 

Com isso, 94 escolas serão “liberadas” para outros fins. Dessas, 66, segundo o secretário, deverão ser  reaproveitadas para atividades voltadas à educação, como creches, escolas de ensino técnico ou CEUs (Centros Educacionais Unificados). As outras 28 que vão parar de funcionar ainda não têm destinação (veja ao lado).

Hoje,  os dirigentes regionais de ensino saberão quais unidades não serão mais usadas como escolas. A partir de amanhã, alunos e funcionários devem ser comunicados. Somente no dia 14 eles vão saber para qual unidade de ensino serão transferidos em 2016.

O secretário  reforçou que a intenção de transformar as escolas em locais com apenas alunos de um ciclo (1 a 5  anos, 6 a 9 anos e ensino médio) tem o objetivo de melhorar a qualidade de ensino. A Apeoesp (sindicato dos professores) contesta.

“Não estou preocupado com economia. A minha única leitura é pedagógica. Preciso dar condição para o estudante estar em uma escola que pelo menos seja comparada com os melhores sistemas do mundo. Então a segmentação – criança com criança e jovens do ensino médio com outros jovens – é o caminho correto”, afirmou Voorward. Ele garantiu que professores não serão demitidos. Merendeiras e funcionários da limpeza também terão seus empregos mantidos, segundo informou a pasta.

O secretário ainda explicou que as transformações devem começar logo no início do ano letivo de 2016. “Cada diretoria está definindo a movimentação (dos alunos). Se houver escolas muito próximas e os seus professores e diretores definirem que a mudança deve ocorrer em 2016, perfeito. Se houver solicitação e a leitura da escola e da comunidade que (a mudança) deva se dar de forma paulatina, será assim”, informou. A reestruturação pode terminar somente dentro de dois anos.

Segundo ele, apesar da concentração de mais pessoas em menos escolas, nenhuma sala de aula terá mais de 40 estudantes, garantiu Voorward.

ENTREVISTA/ Para a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual de ensino), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, a Secretaria Estadual de Educação tem sido pouco transparente com seus funcionários sobre o processo de reestruturação do ensino.

DIÁRIO_ Como tem sido o diálogo entre a secretaria e a Apeoesp?

MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA_ O diálogo praticamente não tem existido e quando ele ocorre a secretaria deseja ser unilateral. Tanto que para esse anúncio que foi feito hoje (segunda),  a Apeoesp não foi convidada, sequer comunicada. É uma loucura o sindicato que representa a categoria ser comunicado de mudanças por meio da imprensa. 

A pasta diz que professores não serão demitidos. Isso é uma segurança?

Na verdade, nem tanto. Porque  de fato os professores concursados não podem ser demitidos, então disso a gente já sabia. Mas existem categorias de professores e acreditamos que algumas delas vão ter a carga horária drasticamente reduzida, como chegar ao cúmulo de 12 horas-aula por semana, reduzindo assim o salário. Isso é muito ruim. O professor mal vai conseguir se sustentar.

E como a Apeoesp vê a desativação de 94 escolas?

Eu acredito que não vão ser somente 94 escolas, pois a reestruturação trata de 162 municípios. Nós, inicialmente, afirmamos que seriam fechadas 162 escolas em todo o estado. Creio que com o tempo a secretaria vai anunciar a necessidade de fechamento de mais.

A educação vai piorar?

Com certeza. A rede já não está organizada. Vai virar uma bagunça geral.

MELHOR RENDIMENTO NO IDESP NO CICLO ÚNICO/ A Secretaria Estadual de Ensino também argumenta que os estudantes de  escolas de ciclo único apresentam um melhor rendimento no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), um indicador de qualidade das séries 

iniciais e finais  dos ensinos fundamental e médio. Segundo o secretário Herman Voorwald, as escolas de segmento único 

dos anos iniciais do ensino fundamental tiveram um rendimento 14,8% superior às demais; as escolas de segmento único dos anos finais, 15,2%; e as escolas de segmento único do ensino médio, 28,4% superior.

Atualização das informações

No site: www.atualize seusdados.educacao.sp. gov.br,  pais devem atualizar as informações dos alunos a fim de aprimorar a comunicação com as escolas estaduais.

FUNCIONÁRIOS DEIXAM PAIS SEM SABER SE UNIDADES IRÃO FECHAR/ Nas escolas de rede estadual de educação o que prevalece é a ansiedade e muitos rumores sobre a possibilidade de fechamento. Há cerca de duas semanas, a Apeoesp divulgou uma lista com 155 colégios na capital, Grande São Paulo e no interior que deveriam ser fechados. 

O levantamento foi feito com base em comunicação a funcionários de cada unidade. Mas nenhum diretor assume publicamente que a escola realmente não vai ter mais aulas. 

O DIÁRIO ligou para algumas das escolas estaduais que estavam na lista divulgada pelo sindicato nas zonas Leste, Norte e Sul. A reportagem perguntou sobre a situação de cada uma delas. Em todos os casos os funcionários  disseram que havia rumores sobre o fechamento ou sobre a diminuição do número de classes, já que passaria a ser de apenas um ciclo, mas ninguém soube aconselhar os pais – a reportagem se identificou como um pai que gostaria de informações..

A recomendação, na maior parte dos casos, foi a de esperar até o dia 14 de novembro, que está sendo chamado de “Dia E” (de “Ensino”), quando pais e alunos serão informados sobre tudo.

As unidades consultadas foram a Francisco Voccio, no Mandaqui  e Victor dos Santos Cunha, na Vila Sabrina, na Zona Norte; Dom João Maria Ogno Osb P professora Esther Frankel Sampaio, na Vila Laís, na Zona Leste; e Professora Laís Amaral Vicente, no Jardim Oriental e João Ernesto Faggin, na Vila Clara,  na Zona Sul.

ANÁLISE 

Helena Machado Albuquerque, Faculdade de Educação da PUC-SP

Na teoria, se houver escolas com um único ciclo, os professores e funcionários vão poder dar mais atenção aos alunos de uma faixa etária mais homogênea, o que é bastante positivo. Entretanto, é preciso analisar uma série de situações. A primeira é que, em geral, os alunos de escolas estaduais são carentes, os pais não têm condições de contratar babás nem empregadas. Então é o irmão mais velho quem leva o mais novo à escola.  Isso pode ser desfeito com a reestruturação da rede. A segunda é que já há grupos afetivos formados. Assim, alunos,  professores e funcionários, amigos e colegas de trabalho vão acabar sendo separados a contragosto. A terceira é a necessidade de haver um diálogo muito contundente com os municípios para que aqueles com maior demanda do que oferta transformem seus prédios ociosos de escolas estaduais em creches. Por fim, é importante frisar  o mais importante: para realizar essa reorganização é preciso diálogo também com a comunidade e com todos os demais afetados pela reforma.



 

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