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Ter, 13 de Outubro 2015 - 18:26

Alunos fecham parte da Av. Paulista em protesto contra reforma no ensino

Estudantes são contra a reestruturação da rede; dois foram detidos. Governo quer que colégios tenham alunos de apenas um ciclo da educação.

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Estudantes de escolas estaduais fizeram um protesto por vias da região central de São Paulo na manhã desta sexta-feira (9). Os alunos começaram o protesto na Avenida Paulista, que ficou fechada no Sentido Paraíso, e se deslocaram a pé até a sede da Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República, onde encerreram o protesto às 12h.

A Polícia Civil informou que duas pessoas foram detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Um dos detidos é o jornalista Caio Castor e o outro, um professor. Segundo os policiais do 78º DP, eles foram ouvidos e liberados. Pelo menos um deles deve responder por desacato. Vídeos feitos durante o protesto mostram alunos coçando os olhos, tomando água e com aparente falta de ar após terem sido atingidos por gás de pimenta.

A União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (Umes) informou que os detidos não fazem parte do movimento e se juntaram ao protesto para "causar confusão". De acordo com a UMES, cerca de 1.200 estudantes estão reunidos na Praça da República. 

Policiais militares se posicionaram em frente à Secretaria Estadual de Educação. De acordo com o Major Kiryu, que comanda a operação, os policiais estão posicionados ali para preservar o patrimônio público já que "alguns baderneiros estão infiltrados na manifestação".

Por volta das 11h50, a maior parte dos estudantes e até o carro de som que acompanhava a movimentação já haviam deixado o local. Apenas alguns alunos permaneciam no entorno da secretaria conversando. Perguntado sobre o número de manifestantes que participaram do protesto, o Major Kiryu respondeu com ironia: "Mais que um". A PM decidiu não divulgar mais o número de participantes nos protestos da cidade, conforme informou a sala de imprensa da corporação.

A Secretaria Estadual da Educação informou que um estudo preliminar da pasta prevê um aumento de 25% das escolas de segmento único. O estudo também diz que, nas escolas onde há essa segmentação, “o rendimento em média é 10% superior às demais”.

A secretaria ainda informou que até o final de outubro, 91 Diretorias de Ensino e seus educadores devem “finalizar a viabilidade das mudanças em suas regiões”. A secretaria quer dividir os colégios por ciclos. Com a ideia, cada colégio só atenderia a um dos ciclos da educação.

Alckmin
Durante evento em Jales, no interior do estado, o governador disse que a reorganização das escolas irá “melhorar a qualidade” do ensino. “Nós temos estrutura para 6 milhões de alunos e temos 4 milhões de alunos. Diminuiu 1,9 milhão de alunos em 18 anos.”

Ele citou a municipalização do ciclo 1 (de primeira até a quinta série) como um dos motivos de tantas vagas. “Depois, as mamães têm menos filhos, então antigamente você tinha muita criança, hoje tem menos. O Brasil que era um país jovem, hoje é um país maduro, caminhando para ser idoso", acrescentou. "Não tem falta de vaga. Nós temos muito mais vagas do que alunos. O desafio é melhorar a qualidade da educação. Esse é o desafio."

Manifestações
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também registrou protestos nas ruas Faustolo, na Lapa, e bloqueio total da Avenida Celso de Azevedo Marques, na Mooca.

Protesto na Régis
Manifestantes ligados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) também realizavam um protesto contra a proposta do governo na Rodovia Régis Bittencourt, em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

Segundo a concessionária que administra a estrada, às 9h50, o grupo fechava duas das três faixas da via na altura do km 271, sentido capital paulista. Por conta do ato, havia registro de 2 km de filas, a partir do km 273.

Reestruturação do ensino
A medida visa reorganizar a distribuição dos alunos nas escolas. As unidades passarão a atender exclusivamente um dos três ciclos de ensino: o primeiro, que abrange os alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental; o segundo, com alunos do 6º ao 9º ano do fundamental; e o terceiro, que reúne os três anos do ensino médio.

Atualmente, algumas escolas da rede estadual atendem alunos de mais de um dos ciclos. Para a Secretaria Estadual da Educação, o ideal é que as escolas recebam apenas estudantes de um dos ciclos e, desta forma, estejam mais focadas no aprendizado da faixa etária que atende.

A expectativa do governo é de que até mil escolas e mais de um milhão de estudantes sejam atingidos com a mudança. Segundo a assessoria de imprensa da pasta de educação, os alunos que vão precisar ser transferidos serão matriculados em escolas que ficam até no máximo 1,5 quilômetro de suas casas. Eles serão informados sobre o endereço da nova unidade até o mês de novembro.

Escolas fechadas
Alunos de pelo menos duas escolas estaduais de São Paulo já foram notificados de que as instituições de ensino nas quais estudam serão fechadas em 2016. O possível fim das atividades está ligado à reestruturação do ensino. As mudanças devem ocorrer em todo o estado, com mais de 400 colégios sujeitos a fechar as portas partir do ano que vem.

A Escola Estadual José Edson Martins Gomes, de Osasco, na região metropolitana, é uma delas. Estudantes contam que funcionários do colégio já comentaram sobre o fechamento e informaram que eles devem buscar outro local para continuar os estudos. A unidade funciona nos três turnos e conta com mais de 1,2 mil alunos dos ensinos fundamental e médio.

A Escola Padre Sabóia de Medeiros, na Chácara Santo Antônio, Zona Sul da capital paulista, seria outra das atingidas pela reestruturação. Se fechar, os 800 alunos da instituição seriam remanejados para a Escola Plínio Negrão, que fica a 3,5 km dali - distância maior do que o limite estipulado pelo governo.

Governo garante vagas
De acordo com Sandoval Cavalcante, dirigente regional de ensino, "nenhum aluno ficará sem vaga". O representante da Secretaria Estadual de Educação ressaltou também que nenhum espaço escolar será inutilizado.

Segundo ele, em caso de "disponibilização" de unidades, elas serão utilizadas para outros serviços de educação. Ou seja, se forem desativadas, as escolas serão transformadas em creches ou Etecs, por exemplo. Cavalcante explicou ainda que não há nenhuma decisão definitiva quanto ao apontamento de quais colégios serão fechados. O dirigente afirma que não está definido nem se algum deles será, de fato, desativado.

"Nós continuamos com processo aberto. Os diretores de escola devem encaminhar suas discussões junto às comunidades escolares. A diretorias de ensino estão abertas a esse procedimento para que possamos fechar a melhor proposta possível, para que os alunos tenham a vagas garantidas e a reorganização possa acontecer", completou.

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