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Qua, 07 de Outubro 2015 - 17:43

Mudança em escolas preocupa a região de Campinas

Governo do Estado pretende reduzir já para 2016 o número de unidades que abrigam os chamados três ciclos de ensino e aumentar a quantidade de escolas que funcionam com apenas um deles

Por: Eric Rocha - Correio Popular - 06.10 - eric.rocha@rac.com.br

Uma reorganização da rede estadual de educação tem causado polêmica entre alunos, pais e professores que trabalham em escolas da região de Campinas. O governo do Estado pretende reduzir já para 2016 o número de unidades que abrigam os chamados três ciclos de ensino (1° ao 5° ano do ensino fundamental, 6° ao 9° ano também do fundamental e o ensino médio) e aumentar a quantidade de escolas que funcionam com apenas um deles.

A Secretaria de Estado da Educação informou que o projeto tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino e do ambiente escolar, com aumento de até 10% no rendimento dos estudantes, mas alunos, os pais e docentes estão receosos e organizam vários protestos contra as medidas anunciadas. O temor é que escolas sejam fechadas, profissionais sejam prejudicados e que os alunos sejam transferidos para locais distantes de onde estudam atualmente.

A justificativa dada pelo Estado é que com mais escolas destinadas somente a um segmento será possível focar em ações específicas para cada faixa etária — os estudantes da rede pública estadual têm entre seis e 17 anos.

De acordo com a pasta, algumas unidades podem ser esvaziadas e entregues para outros fins, como a instalação de creches ou pré-escolas pelos municípios. No entanto, ainda não há um número de escolas que passariam por esse processo na região. O levantamento deve ser finalizado em até 15 dias.

“Não é fechar escola e sim disponibilizar para outra utilização. Pode acontecer, mas ainda não temos a confirmação disso”, explicou o dirigente de ensino da região de Campinas, Antônio Admir Schiavo.

A proposta de reorganização foi planejada após um estudo elaborado pela Fundação Seade, órgão estadual que faz análises sobre a realidade socioeconômica paulista. A pesquisa foi baseada na quantidade de matrículas registradas nas escolas e mostrou que a rede estadual de ensino perdeu 2 milhões de alunos entre 1998 e 2015.

Os principais fatores para o índice são a queda do percentual de crianças e jovens em idade escolar, o início da municipalização do ensino fundamental e a migração para escolas particulares.

A expectativa é que o ensino público de São Paulo passe de 6 milhões para 4 milhões de alunos em menos de 20 anos. Os números locais foram solicitados, mas não informados pela Secretaria de Estado de Educação.

Com salas vazias, carteiras e cadeiras desocupadas, a ideia então foi redirecionar os alunos para escolas que receberiam apenas um ciclo escolar.

“Quanto mais específico for o atendimento da escola, melhores serão os resultados em termos de aprendizagem. Nós temos muitas unidades que ainda têm os três ciclos”, pontuou Schiavo. Ele negou, contudo, que o processo anunciado será feito em todas as unidades.

“Não dá para fazer uma reorganização completa porque existem escolas em áreas isoladas. Nas regiões em que há uma maior concentração de unidades fica mais fácil.”

Os estudantes que precisarão ser transferidos serão remanejados, via georreferenciamento, para escolas não distantes 1,5km dos locais onde têm as aulas atualmente. Para isso, um recadastramento foi iniciado no último dia 23 de setembro. O número de alunos em cada sala também passa a ser limitado: em 30 para o primeiro ciclo do ensino fundamental, 35 para o segundo e 40 para o ensino médio.

Apeoesp questiona validade de novo plano do Estado

A conselheira estadual da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Solange Loureiro Pozutto alega que não há qualquer garantia de que os alunos serão transferidos para escolas próximas. Por outro lado, a Secretaria de Estado de Educação disse que vai respeitar o limite de 1,5km nos futuros remanejamentos. O sindicato também diz não ver benefícios na reestruturação.

“Não acreditamos que separando vá melhorar a qualidade. A construção do conhecimento se vale dessa relação entre os mais velhos e mais novos”, disse a conselheira. Ela também alertou que muitos professores, como os que dão apenas uma disciplina, teriam que aumentar o número de escolas para complementar a jornada.

“Estamos trabalhando com o mesmo número de salas de aula. O professor vai junto com os alunos, sempre com os direitos garantidos”, rebateu o dirigente de ensino da região de Campinas, Antônio Admir Schiavo. 

SAIBA MAIS

A Secretaria de Estado de Educação marcou para o dia 14 de novembro um encontro entre escolas, pais e responsáveis da rede. A proposta é explicar o processo de reorganização e tirar dúvidas de como será feito processo de transferência
dos alunos.

O recadastramento dos estudantes, considerado muito importante para essa reogarnização, deve ser feito no site www.atualizeseusdados.educacao.sp.gov.br

Apeoesp questiona validade de novo plano do Estado


A conselheira estadual da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Solange Loureiro Pozutto alega que não há qualquer garantia de que os alunos serão transferidos para escolas próximas. Por outro lado, a Secretaria de Estado de Educação disse que vai respeitar o limite de 1,5km nos futuros remanejamentos. O sindicato também diz não ver benefícios na reestruturação.

“Não acreditamos que separando vá melhorar a qualidade. A construção do conhecimento se vale dessa relação entre os mais velhos e mais novos”, disse a conselheira.

Ela também alertou que muitos professores, como os que dão apenas uma disciplina, teriam que aumentar o número de escolas para complementar a jornada. “Estamos trabalhando com o mesmo número de salas de aula. O professor vai junto com os alunos, sempre com os direitos garantidos”, rebateu o dirigente de ensino da região de Campinas, Antônio Admir Schiavo. 

AS PROPOSTAS

- Mais escolas com apenas um dos ciclos de ensino

- Menos unidades com dois ou três ciclos

- Limitação do número de alunos em cada sala

- Remanejamento de alunos, respeitando a distância máxima de 1,5km

Cidades protestam e tentam barrar medida

A notícia sobre a reorganização escolar anunciada pela Secretaria de Estado de Educação e o possível esvaziamento de escolas motivou protestos de pais, alunos e professores na região.

Com faixas, cartazes e narizes de palhaço, pelo menos 200 pessoas estiveram na Câmara Municipal de Valinhos ontem à noite para se manifestar sobre a possibilidade de remanejamento de mil alunos da Escola Estadual José Leme do Prado, na Vila Santana. Também há o temor que muitos professores possam ficar sem aulas para dar.

A dona de casa Vilma de Cunha Guedes tem o filho Vinícius, de 17 anos, matriculado na Leme do Prado, onde cursa o 2° ano do Ensino Médio. A possibilidade de terminar o colégio em outro lugar não é bem aceita.

“Fica mais difícil ainda porque ele trabalha. Como é perto de casa, dá tempo dele jantar e tomar banho. Em outra escola ele poderia ter que ir direto, não tem garantia”, reclamou.

Mãe de Thayná, de 15 anos, a doméstica Elisângela Batista Toledo engrossa o coro. “É uma das melhores escolas de Valinhos, pelo projeto educacional. A gente não sabe para onde eles vão, não sabemos o que vai acontecer”, afirmou. A Leme do Prado abriga estudantes dos ensinos Fundamental e Médio.

Cosmópolis

Mais cedo, em Cosmópolis, ao menos 200 pessoas se reuniram na entrada da cidade para protestar contra um possível fechamento da Escola Estadual Alberto Fierz, localizada no bairro Parque Ester. A manifestação foi acompanhada pela Polícia Militar e não causou transtornos ao trânsito.

Hortolândia

Na próxima sexta-feira à tarde, será a vez dos moradores de Hortolândia. Eles pretendem fazer uma passeata pelo Jardim Nova Hortolândia contra um suposto fechamento da Escola Estadual Raquel Saes Melhado. Pai de um aluno que estuda no local, o auxiliar administrativo Wagner Dias Gibin disse que cerca de mil estudantes frequentam a unidade escolar, que tem classes do 1° ano do Ensino Fundamental ao 3° do Ensino Médio.

“A região de Hortolândia não comporta essa mudança. As outras escolas não têm como receber os alunos porque estão cheias. Se for remanejado para longe, o governo também não vai pagar o transporte”, alertou.
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