Ter, 13 de Outubro 2015 - 18:02

Mudança no ensino em SP 'não tem sustentação pedagógica', diz Apeoesp

Por: Do G1 Sorocaba e Jundiaí - G1 09/10

Um grupo de professores, estudantes e profissionais da comunicação se reuniu na quinta-feira (8) em Sorocaba (SP) para discutir e debater sobre as propostas de mudança no ensino estadual. Pelo menos 2 milhões de estudantes podem ser atingidos com as propostas que envolvem a divisão das séries em ciclos. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) é contra as alterações.

No encontro, realizado no Núcleo ETC da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), a presidente estadual da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, afirma que a reorganização do ensino em São Paulo pode prejudicar professores e alunos. Além disso, não tem sustentação pedagógica. "Ao meu ver, não existe qualquer base para sustentar na área pedagógica essa mudança. Temos uma lista de 150 escolas com previsão de serem fechadas. O verdadeiro motivo de tudo isso é um enxugamento da máquina promovido pelo governo", afirma.

Em setembro, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou a nova organização da rede estadual de ensino paulista que tem como objetivo separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio) a partir do ano que vem.

Segundo a secretaria, a previsão é que 1 mil escolas do total de 5.108 unidades espalhadas pelo estado sejam afetadas pela reorganização. E que as mudanças atinjam um milhão dos 3,8 milhões de alunos matriculados.

De acordo com a pasta, de maneira preliminar é possível prever a ampliação de quase 3 mil salas em todo o estado. Algumas unidades podem até ser fechadas para a reorganização da rede, mas isso não está definido. A secretaria diz que a rede tem capacidade para absorver 6 milhões de alunos, como o número de matriculados é menor, a reorganização foi proposta para tornar o ensino mais eficiente.

Em nota enviada nesta sexta-feira (9), a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que desconhece a relação de escolas mencionada pela reportagem e afirma que o estudo que definirá as unidades que passarão pelo processo de reorganização ainda está sendo feito pelas diretorias regionais de ensino e educadores. Nem todas as escolas passarão pelo processo e escolas com mais de um ciclo ainda funcionarão devido às diferenças demográficas e as necessidades regionais.

Protesto na região

Pais de alunos da Escola Estadual Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, um dos colégios mais tradicionais de Jundiaí (SP), fizeram um protesto na quinta-feira (8) contra o possível fechamento da escola por conta do anúncio de reformulação da rede de ensino feito pelo governo do estado.

A escola, localizada na Rua do Retiro, no bairro Anhangabaú, vai completar 70 anos e é uma das mais antigas da cidade. O colégio chegou a ter cursos profissionalizantes e hoje conta com alunos do ensino fundamental e médio. Ao todo, são quase 1.100 alunos divididos em 31 turmas com saladas de manhã e às 15h.

Segundo o anuncio feito pelo governo do estado em setembro, os 5 milhões de alunos seriam separados em três ciclos: ensino fundamental 1 – do 1º ao 5º ano, ensino fundamental 2 – do 6º ao 9º ano e ensino médio. Assim, crianças e adolescentes passariam a estudar em locais diferentes. Por sala, o ideal é de até 40 alunos.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirma que nem todas as unidades de ensino passarão pela reorganização proposta e que será feito um estudo. No dia 14 de novembro será realizado o "dia E", uma megarreunião entre as escolas e comunidade para explicar como se dará a reorganização. Na data, pais e responsáveis poderão tirar dúvidas, entender como serão feitas as transferências e quais escolas receberão alunos.