'Não confiamos', diz estudante sobre revogação das mudanças no ensino

Os alunos das quatro escolas estaduais de Piracicaba (SP), que estão ocupadas contra a reorganização no ensino de São Paulo, ainda não têm previsão para deixar as unidades, mesmo após a decisão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de suspender a reestruturação. Um aluno da Professor Antônio de Mello Cotrim afirmou ao G1 que os estudantes vão continuar na instituição porque “não confiam totalmente” na revogação anunciada pelo tucano.

A suspensão foi anunciada pelo governador em um pronunciamento na sexta-feira (4) e publicada no Diário Oficial deste sábado (5). As mudanças previam a divisão das escolas em ciclos de ensino (fundamental 1 e 2 e médio) e a separação de alunos por idade. Após a suspensão, o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo.

O estudante do 2º ano da Professor Antônio de Mello Cotrim Márcio Guedes afirmou que, apesar da publicação do decreto no Diário Oficial, os alunos aguardam uma posição oficial de Geraldo Alckmin por escrito, que garanta o cancelamento da reorganização para que eles possam desocupar as escolas. 

“Por enquanto, nós não confiamos. Não confiamos totalmente no discurso dele de que vai revogar a reorganização. Queremos um documento em papel que prove que ele não vai voltar atrás. Se não tudo o que fizemos terá sido em vão”, explicou o aluno de 16 anos. Os estudantes das quatro escolas ocupadas vão fazer assembleias durante o final de semana para definir quando vão deixar as instituições.

A Secretaria Estadual de Educação informou, por telefone, que a reorganização do ensino foi revogada após o decreto publicado neste sábado e que o governador irá dialogar com pais e alunos no ano que vem a respeito da reorganização da rede de ensino estadual. Segundo a pasta, os estudantes permanecerão em suas unidades em 2016.

Volta atrás

A decisão foi tomada após uma onda de protestos realizada por estudantes que ocuparam escolas por todo o estado. Nesta sexta-feira (4), 196 escolas estavam ocupadas, segundo a Secretaria da Educação – o Sindicato dos Professores (Apeoesp) afirma que são 205.

A reorganização de ensino iria provocar o fechamento de 93 escolas, a transferência de 311 mil alunos para outras unidades e a formação de 754 novas unidades de ciclo único. Segundo o secretário, o projeto iria melhorar a qualidade do ensino pela divisão das escolas em ciclos e o agrupamento dos alunos por faixa etária.

Ocupações
A primeira escola ocupada em Piracicaba foi a Professor Antonio de Mello Cotrim, no dia 18 de novembro. A escola deixaria de atender alunos do ensino médio. De acordo com o plano de reorganização, o local seria disponibilizado ao município e passaria a abrigar unidade de educação infantil ou do Centro Paula Souza.

Depois da Mello Cotrim, no dia 23 de novembro, estudantes ocuparam também a Escola Estadual Barão do Rio Branco, no Centro. Já no dia 24, foi a vez da escola Professor Jethro Vaz de Toledo e, em seguida, da Pedro Moraes Cavalcanti. 

Na quinta-feira (3), a Secretaria Estadual de Educação autorizou os alunos da Escola Pedro Moraes Cavalcanti a ter aulas fora da unidade. O início estava previsto para segunda-feira (7). No entanto, a pasta informou que, com a revogação das mudanças, não é possível saber se a decisão será mantida.