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Seg, 14 de Março 2016 - 15:20

Por falta de merenda, crianças são liberadas de aula na zona norte de SP

Alunos de estaduais também denunciam comida estragada nas merendas oferecidas.

Por: Giorgia Cavicchioli - R7 - 14.03

 

As denúncias sobre a má qualidade das merendas na rede estadual de ensino de São Paulo se multiplicam. Os problemas vão desde liberação de alunos das aulas por falta de alimento, até larvas que são encontradas no meio do arroz e feijão servidos para crianças. Jovens chegaram até a criar contas em redes sociais para mostrar fotos diárias do que é oferecido para eles. Além disso, o Ministério Público de São Paulo apura fraudes em compras da merenda escolar da rede estadual.

A mãe de um aluno da Escola Estadual Castro Alves, que fica na Vila Mariza Mazzei, em Santana, zona norte da cidade de São Paulo, afirma que a unidade orientou os alunos, na última sexta-feira (4), a não comparecerem às aulas devido à falta de merenda.

De acordo com Marcilene Rodrigues, ela foi até a secretaria da escola para entender o que estava acontecendo e foi informada de que o problema se devia à falta de água no local. Sem água, não foi possível preparar os alimentos.

— Sempre às seis da tarde falta água lá. Ontem eu vi que estava chegando um caminhão pipa. A gente fica um dia com água e dois sem.

O filho dela, que tem 10 anos, relatou que foi avisado pela professora de que não havia merenda na escola.

— E eles não estão só sem merenda. Estão sem material também. A professora falou para as crianças, mas a secretaria não assume.

Ela diz que, nesta sexta-feira (11), a situação no local já foi normalizada e as crianças voltaram a receber comida.

— O meu filho tem o que comer em casa, mas tem muitos que vão pra escola porque não têm um café da manhã, não têm um almoço. E também, uma hora o conselho tutelar vai chegar perguntando porque ele não está indo na escola.

Como resposta às críticas, a  Secretaria da Educação enviou ao R7 imagens da merenda servida no local nesta sexta (foto ao lado).

A mãe de um aluno da Escola Estadual Wilson Rachid, que fica no bairro Vila Nova Itaim, região do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, diz que os alunos do período da noite estão recebendo apenas café com leite como merenda.

— Não estão fazendo comida. Meu filho só janta se eu chegar em casa e eu tiver o dinheiro para comprar um arroz, mas se depender deles ele não janta.

O problema seria a falta de funcionários para cozinhar, uma vez que há alimentos estocados no local. Segundo Maria Santos*, até o coordenador da escola precisa ajudar na distribuição e preparo de alguns itens, mas a demanda continua sendo muito maior.

— O alimento que eles têm era de dezembro. Já deve tá tudo estragado. Eles só recebem ou suco ou café com leite, só líquidos. Alimentação mesmo como arroz e feijão eles não estão tendo há meses.

Ela conta que seu filho, que tem 17 anos, chega ao colégio às 19h e sai às 22h45 e que a mesma merenda que é dada de manhã é dada para as crianças do período da tarde e noite.

— Perguntei da merenda para o coordenador. Ele falou que, depois da denúncia [de fraude na compra de merendas no Estado de São Paulo], o governo ficou de mandar, em 15 dias, alguém para fazer a comida. Eles estavam pensando em pedir ajuda voluntaria, mas foram proibidos.

O estudante Bruno Santos* é aluno da Escola Estadual Professor José Maria Rodrigues Leite, que fica em Osasco, na Grande São Paulo. Ele foi um dos jovens que precisou comer a refeição estragada oferecia na instituição na última terça-feira (8).

Uma foto divulgada nas redes sociais mostra que a comida estava com larvas. Na ocasião, a Secretaria de Educação afirmou que lamentava o ocorrido e esclareceu “que a empresa já foi notificada a prestar esclarecimento sobre a manipulação e armazenamento do estoque do arroz, já que o produto não estava vencido”.

O estudante afirma que “as merendeiras que eram responsáveis foram substituídas” e que a situação na escola “nunca foi precária”. Essa teria sido, segundo Bruno, a primeira vez em que uma comida estragada e com larvas foi oferecida aos alunos.

— Nunca tivemos nenhum tipo de problema exceto esse acontecimento.

Ele diz que, quando os estudantes perceberam que a comida era de má qualidade, “acharam estranho e então procuraram o responsável” pela alimentação. Bruno contou o que aconteceu para os seus responsáveis, que “disseram que a escola teria capacidade de resolver a situação”. O aluno diz que nunca faltou merenda na escola, mas que a escola substituiu arroz e feijão por bolachas e sucos.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado informou "que todas as escolas da rede estadual de ensino estão servindo merenda aos alunos. Em casos pontuais, como o da Escola Estadual Wilson Rachid, o processo licitatório para a contratação de empresa que prestará o serviço está sendo finalizado. Temporariamente, nessa escola, os alunos estão recebendo alimentos não manipulados como frutas, sucos, pães, leite achocolatado e barras de cereais". 

* Os nomes foram trocados para preservar as identidades dos entrevistados

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