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Sex, 16 de Dezembro 2016 - 19:18

Símbolo da paz, D. Paulo Evaristo Arns morre aos 95 anos, em SP

Em 1990, entidades lideraram Movimento Nobel da Paz pela indicação do arcebispo

Por: Centro de Documentação e Memória - CEDEM/Unesp

D. Paulo Evaristo Arns faleceu em São Paulo, aos 95 anos. Com uma trajetória marcada pela luta em favor da paz, em 1990 entidades de direitos humanos, apoiadas pela Prefeitura Municipal de São Paulo, lideraram um movimento pela indicação do arcebispo ao Prêmio Nobel da Paz daquele ano.

Esse documento é parte do acervo do Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedroso (CEMAP), sob custódia do CEDEM, da Unesp. Outros registros importantes também estão custodiados no CEDEM, como as criações de Laerte Coutinho, no âmbito do acervo da Oboré Editora. 

Cardeal da Esperança
A atividade pastoral de D. Paulo Evaristo Arns foi dedicada aos moradores da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base nos bairros, principalmente nos mais pobres, e à defesa e promoção dos direitos da pessoa humana.

O Cardeal da Esperança, como ficou conhecido, foi incansável na resistência contra a ditadura militar. Como arcebispo de São Paulo, denunciou as prisões, torturas e morte sem julgamento. Inicialmente defendeu os seminaristas presos por atuarem em favor dos opositores ao regime.

Em 1972 D. Paulo presidia a Regional Sul-1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nessa condição, reuniu os bispos do estado de São Paulo, em Brodósqui, onde propôs a publicação “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime. Neste mesmo ano, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo e incentivou a criação das  pastorais da moradia, operária e da criança. A partir desses organismos, sua luta se intensificou.

Presidiu a “Celebração da Esperança”, em março de 1973, em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê sobre os casos de 22 desaparecidos.

O auge da resistência ocorreu em 1975, com a celebração do culto ecumênico, na Catedral da Sé, em honra do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos militares. Além da homenagem, o ato amplificou as denúncias contra a arbitrariedade do regime.

Entre 1979 e 1985 desenvolveu, junto com o Rabino Henry Sobel e o Pastor presbiteriano Jaime Wright, o Projeto Brasil: Nunca Mais. O documento, com mais de mil páginas, sistematizou informações de aproximadamente 700 processos no Superior Tribunal Militar, com informações de presos políticos. Editado em livro, o Projeto teve importância na identificação dos torturadores e na exposição dos horrores da ditadura.

Em 1978, apoiou o Movimento contra o Custo de Vida, que protestava contra a carestia. Recebeu o título de Arcebispo Emérito de São Paulo em 1998. Então com 87 anos, decidiu por uma vida reclusa, dedicada a leitura e orações. 

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