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Seg, 23 de Outubro 2017 - 15:24

Pais, alunos e professores são contrários à progressão continuada no ensino público de SP, aponta pesquisa

Por: Jornal da EPTV, Ribeirão e Franca

 
 
Estudo sobre a qualidade do ensino foi feito em 155 cidades do Estado de São Paulo a pedido da Apeoesp. Um terço dos pais considera que filhos foram aprovados sem dominar conteúdos.
 
Uma pesquisa sobre a qualidade do ensino público no Estado de São Paulo aponta que 90% dos pais de estudantes matriculados são contrários à progressão continuada, metódo que não prevê a reprovação, e sim a recuperação de conteúdos pelo aluno promovido a outra série. Além deles, 78% dos estudantes, 87% dos professores e 89% do restante da população entrevistados compartilham a mesma opinião.
 
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou que o levantamento é incapaz de refletir a realidade de rede estadual de educação. Segundo a secretaria, a pesquisa da Apeoesp não deixa claro como o assunto progressão continuada foi abordado para os entrevistados, gerando confusão na resposta final.
 
Sem aprendizado
 
O levantamento encomendado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) ouviu 2.553 pais, estudantes, professores da rede estadual de São Paulo e moradores de 155 cidades. Eles foram consultados sobre a avaliação a respeito das escolas públicas, o que consideram uma educação de qualidade e qual o principal problema percebido nas unidades estaduais.
 
Os dados revelam ainda que 44% dos estudantes declararam ter passado de série sem aprender a matéria, e 33% dos pais admitiram que os filhos foram aprovados sem dominar as disciplinas. 
 
O resultado vai ao encontro da opinião da comerciante Rosenilde Araújo Rodrigues Passos, mãe de um adolescente de 14 anos matriculado no 8º ano do Ensino Fundamental.
 
Ao verificar diariamente o caderno do filho, ela se diz convencida de que o jovem apresenta sérias dificuldades para ler, escrever e fazer contas. No entanto, foi aprovado mesmo sem compreender conteúdos básicos.
 
“Por estar no 8º ano, ele tinha que ler mais rápido, sem interferência nenhuma. Daqui a três anos, ele tem que estar indo para uma faculdade. Como faz para ir para uma faculdade com uma leitura ruim, uma escrita péssima? Ele foi aprovado ano passado e com certeza vai esse ano de novo”, afirma.
 
Para a comerciante, o aprendizado foi deixado de lado e as escolas só se atentam à frequência e ao comportamento dos estudantes para elevá-los a outros níveis educacionais. Como mãe, Rosenilde é categórica ao sinalizar a preferência pela reprovação do filho, uma vez que avalia o desempenho e o aprendizado dele comprometidos.
 
“Na minha opinião, ele não deveria ser aprovado. Dói dizer que o seu filho passou o ano inteiro perdendo o tempo dele, chegar no final do ano e dizer que ele não vai passar. Mas é melhor ele não passar agora e chegar no outro ano e ele aprender, ele saber o que está fazendo.”
 
Ensino piorou
 
A mesma pesquisa aponta que 74% da população afirmam que a qualidade da educação nas escolas públicas piorou nos últimos anos em São Paulo. O índice de reprovação para o nível do ensino chega a 73% entre professores, 63% entre os pais e 60% entre os estudantes.
 
“Eu acho que falta ensinar mais, os professores pegarem mais no pé das crianças, porque as crianças não estão aprendendo. Elas vêm o ano inteiro com um caderno e o caderno não termina, porque é aquele pouquinho de lição. As crianças precisam melhorar matemática e português, porque são matérias que elas vão usar o resto da vida. Tem criança que está na quarta série e não sabe fazer conta. Nada”, diz a auxiliar de limpeza Vanessa Alexandre.
 
Para os professores, a falta de infraestrutura é o principal problema encontrado nas escolas, enquanto que, para os estudantes, a maior dificuldade está no convívio com colegas de classe desrespeitosos. Os pais e o restante da população ouvida consideram que a falta de segurança é o item que merece mais atenção.
 
O estudante João Pedro Pereira Rodrigues, de 19 anos, acredita que os professores devem estar mais atentos às dificuldades apresentadas diariamente em sala de aula.
 
“Acho que poderia ter um método de desenvolvimento para cada um, mais atenção do professor. Faz muita falta, porque o aluno fica sozinho. Às vezes está vendo, mas não está entendendo como os outros. O professor tem que dar atenção e muitas vezes a gente tem que correr atrás. Às vezes é porque é muita gente na sala.”
 
Queda na produção
 
Segundo o especialista em educação José Eduardo de Oliveira, o estudo demonstrou que alunos, pais e professores têm verificado uma queda no rendimento da educação pública estadual.
 
“A Secretaria Estadual de Educação precisa olhar com mais carinho e precisa adotar uma política pública mais efetiva. É lógico que a secretaria tem feito investimentos quantitativos, cada vez mais significativos, e talvez fosse o caso de direcionar isso mais para a gestão desses recursos”, diz.
 
Para Oliveira, uma educação de qualidade também está fundamentada no engajamento da família na escola. A participação integral dos pais na vida escolar dos filhos é importante para que todos os envolvidos no ciclo se sintam empenhados em alcançar os resultados.
 
“Talvez isso falte um pouco na atualidade: a criança que chega em casa depois da escola e que o pai e a mãe verifiquem o caderno, vejam se fez a tarefa, como está o boletim, compareçam a reunião de pais, participem das decisões da escola, da gestão democrática da escola. Ou seja, participando da vida do aluno, o próprio aluno vai perceber o quanto a educação é importante para o futuro dele.”
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