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Ter, 02 de Abril 2019 - 16:49

Cerca de 60 mil alunos estudam em 'escolas de lata' em São Paulo

Por: Luiz Fernando Toledo e Renato Biazzi, SP1 - SPTV - 01.04

 
Estruturas feitas com chapas de metal deveriam ter acabado há quase 20 anos.
 
Cerca de 60 mil alunos ainda estudam nas chamadas "escolas de lata" no estado de São Paulo. Esse tipo de estrutura deveria ter sido extinto há quase 20 anos, mas 65 deles seguem funcionando, segundo relatório obtido pelo SP1.
 
O apelido se deve ao fato de parte das escolas ser construída com chapas de metal. Por isso, alunos reclamam do desconforto térmico e da maneira como o som se propaga nas salas.
 
"A parte difícil, que é ruim, é o barulho. É muito barulho quando as pessoas andam e também é muito quente lá dentro", disse Karina Cipriano, de 19 anos, que estudou na Escola Estadual Valdir Rodolfo de Castro até o ano passado.
 
Referência na região do Capão Redondo, Zona Sul da capital, nesta "escola de lata" estudam cerca de 1,4 mil estudantes.
 
Pais de alunos dizem que o problema se reflete no aprendizado. "Meu filho se sente agoniado com o calor. Ele sofre muito com isso, chega em casa falando, e a promessa de fazer esquema de alvenaria é antigo", Luiz Cláudio da Silva.
 
As "escolas de lata" foram erguidas até 2002 como uma solução temporária para a falta de vagas na periferia. Das 65 atualmente em funcionamento, a maioria está em São Paulo (32) e em Guarulhos (13). Das que estão na capital, 17 ficam na Zona Sul. 
 
Entre as "escolas de lata" remanescentes, uma delas teve de ser interditada às pressas. A Escola Estadual Renata Menezes de Souza, em Parelheiros, extremo Sul da capital, foi destruída por um incêndio em 2014.
 
O fogo consumiu toda a parte de metal, restando apenas um esqueleto de concreto. Nenhum aluno saiu ferido, mas todos foram transferidos para uma escola mais longe, com a promessa de que o prédio seria reconstruído.
 
"O poder público realmente esqueceu de nós, e eu penso que Prefeitura, Estado, todos devem olhar para o bairro com o olhar do coração", disse o ex-professor Roberto Santos. "Como sempre, em todas as eleições, aparecem e fotografam, prometem e nada se resolve."
 
Procurada, a Secretaria Estadual da Educação disse que vai reconstruir a escola Renata Menezes de Souza, e que fez uma licitação ano passado, mas ainda não tem prazo para as obras começarem.
 
O promotor João Paulo Faustinoni Silva, que faz parte do Geduc, grupo do Ministério Público em defesa do direito à educação, diz que há anos a Secretaria da Educação sabe que a falta de estrutura compromete a aprendizagem.
 
"O próprio governo e secretaria encomendaram, em 2006, um estudo do IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da USP], uma perícia, que indicava que os dois problemas principais dessas escolas são excesso de ruído e desconforto térmico", afirmou.
 
Manutenção
Para Leandro Damy, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, órgão da secretaria responsável pela construção das escolas, o problema não é a estrutura em si, mas a falta de manutenção.
 
"O mesmo conforto térmico e acústico de uma escola de alvenaria é o que se tem nesse modelo construtivo. O problema, realmente é a manutenção", disse. "Já fizemos 800 intervenções e outras 1.800 estão programadas num curto espaço de tempo."
 
Damy acrescentou que não pretende derrubar as "escolas de lata". "Eu acho uma judiação a gente desperdiçar um recurso que já foi investido destruindo uma escola que está funcionando perfeitamente."
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