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Ter, 29 de Janeiro 2013 - 12:51

A tragédia de Santa Maria e a valorização dos serviços públicos

A tragédia ocorrida na madrugada do dia 27 de janeiro na boate Kiss, em Santa Maria (RS), deixa amargas lições para todos nós.

Por: Maria Izabel Azevedo Noronha - Presidenta da APEOESP

O incêndio que rapidamente ceifou prematuramente a vida de 232 jovens e deixou dezenas de feridos, alguns em estado grave, nos alerta para a fragilidade dos equipamentos de segurança existentes em muitos dos locais públicos do nosso País e o perigo que envolve a concentração de pessoas nessas condições.

Este é segundo maior incêndio ocorrido no Brasil em número de vítimas fatais. O maior deles ocorreu em 1961, no Gran Circus norte-americano, na cidade de Niterói, então capital do estado da Guanabara, quando 503 pessoas morreram; entre elas, muitas crianças.

De lá para cá, as tecnologias avançaram muito. Hoje é possível dispor de sofisticados equipamentos para detecção de fumaça e outros que iniciam automaticamente o combate ao fogo. Há ainda alarmes que alertam os presentes para a presença do fogo, bem como sinalizações que se sobressaem no ambiente e portas de emergência projetadas para dar rápida vazão ao público, em caso de pânico. Ao que tudo indica, nenhum destes equipamentos existia ou funcionou adequadamente na boate Kiss.

Há que verificar, inclusive, o projeto arquitetônico da boate, pois as informações divulgadas indicam que há no local dois ambientes, sendo que o posto dos seguranças, na saída principal, não permitia que estes soubessem o que ocorria no salão onde acontecia o show, levando-os a retardar a saída da multidão. As informações indicam também que não havia saídas de emergência e as saídas possíveis estavam trancadas.

As razões que levaram à tragédia ainda estão sendo investigadas pela Polícia do Rio Grande do Sul. Os culpados precisam ser exemplarmente punidos. Nada, porém, será capaz de reduzir a dor das famílias dos jovens mortos e feridos. A saída é a prevenção.

A sociedade, vigilante, deve cobrar do poder público a fiscalização dos estabelecimentos públicos. O trabalho conjunto entre órgãos federais, como a ANVISA, estaduais, como o Corpo de Bombeiros, e Prefeituras é que deve assegurar à população as condições de higiene e segurança para que possam frequentar com tranquilidade boates, cinemas, shoppings, teatros, estádios, restaurantes e outros locais.

Para tanto, é preciso que os serviços públicos sejam valorizados e que a relevante função social dos servidores públicos seja devidamente reconhecida por meio de salários dignos, planos de carreira atraentes, jornadas de trabalho adequadas, número de funcionários suficientes, de acordo com os padrões internacionais e condições de trabalho.

Como educadores e cidadãos, devemos nos perguntar: e se algo assim ocorresse em uma escola? Todas as nossas escolas, públicas e privadas, são verdadeiramente seguras? Há todos os equipamentos necessários? Os funcionários, professores e estudantes são treinados para situações de emergência? Há pessoal suficiente para orientar e cuidar das pessoas em situações de pânico? Tudo isto precisa ser visto de forma preventiva, para que sejam minimizados os danos de qualquer fato que venha a ocorrer em unidades educacionais.

Frente à tragédia, quero manifestar a solidariedade da APEOESP e dos professores das redes oficiais de ensino do Estado de São Paulo com as famílias dos jovens mortos e feridos e expressar nossa disposição de nos somarmos a todos os esforços da sociedade para que isto nunca mais volte a acontecer.

Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Vice-Presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação
Membro do Fórum Nacional de Educação

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