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Ter, 16 de Outubro 2012 - 15:58

As lições da professora Janete para (sobre) viver na profissão

Por: Silvério Morais - Diário de S. Paulo - 15.10

   O Dia dos Professores, celebrado nesta segunda-feira, tem um sabor especial para a professora de Língua Portuguesa Janete Gasparini Torres. A data, festejada por ela há meio século, será a última na sala de aula. Na próxima sexta, a educadora faz 70 anos, idade estabelecida pela Constituição Federal para aposentadoria compulsória dos funcionários públicos. “Não queria parar. Aguentaria mais uns cinco anos”, diz, orgulhosa de nunca ter tirado licença por doença nem faltado ao trabalho.

   Mas como a professora conseguiu se manter feliz e saudável nos 50 anos de profissão? Ela ensina: “As gerações mudaram, o tipo de aluno mudou. É preciso paciência e jogo de cintura”. Janete já deu aula para diferentes gerações, em escolas da rede particular, estadual (onde ficou 25 anos e se aposentou em 1997 por tempo de serviço) e na municipal (onde está há 15 anos).

   A professora reconhece que a nova geração é mais indisciplinada, mas sempre soube administrar a situação e viver “removendo pedras e plantando flores”, como no poema de Cora Coralina que tanto gosta. “É necessário respeitar os alunos para poder cobrar isso deles”, observa. Ela afirma que é possível ser carinhosa e amiga dos alunos sem perder a postura.

   Responsabilidade e compromisso são outras palavras-chave. Mesmo com a baixa remuneração e a vida corrida, Janete nunca deixa de preparar bem o que vai ensinar. “Se eu vejo que eles já estão cansados e tenho uma aula difícil para dar, mudo a estratégia e passo outra coisa”, conta, justificando as pilhas de material que carrega.

   Problemas de saúde

    Mas está se tornando raro exemplo como o de Janete em São Paulo. Enquanto ela chora por não querer parar, muitos colegas de profissão se afastam da sala de aula diariamente por problemas de saúde. Segundo estudo da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), 27% dos educadores precisaram se afastar no último ano.

   Conforme o levantamento, 18% dos professores têm depressão e 57% deles acabam se afastando das aulas. Outros 23% sofrem de ansiedade ou síndrome do pânico. A hipertensão arterial atinge mais de 30% da categoria na rede estadual (veja mais ao lado).

   O excesso de trabalho e a falta de respeito na sala de aula são as principais causas, segundo a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo, que cobra ações para tratar e prevenir a depressão entre professores.

   Quase 60 mil afastamentos na rede estadual

   Segundo a Secretaria de Gestão Pública, foram registrados neste ano na rede estadual 57.350 afastamentos – um mesmo professor pode se afastar mais de uma vez. Os principais motivos são depressão, dores nas costas, hipertensão e conjuntivite. A Secretaria da Educação do Estado destaca que os 231.551 professores da rede contam desde 2011 com o programa São Paulo – Educação com Saúde, com assistência médica preventiva no local de trabalho.

   A Secretaria Municipal de Educação, onde existem hoje 62.137 professores, não informou o número de afastamentos na capital, mas garantiu que o quadro de docentes está equacionado e afirma que desenvolve ações de valorização dos profissionais, como a reorganização da carreira do magistério e implantação de novas jornadas compatíveis com a expansão do tempo de permanência dos alunos nas escolas, além da redução do número de alunos por turma.

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