APEOESP - Logotipo
Sindicato dos Professores

FILIADO À CNTE E CUT

Banner de acesso ao Diário Oficial

NOTÍCIAS

Voltar

Ter, 10 de Julho 2012 - 18:44

Com ampla maioria, mulheres cutistas conquistam a paridade

Por:

Numa votação polêmica, marcada por batucadas e grande mobilização, as cutistas alcançaram na manhã desta quinta-feira uma conquista histórica com a aprovação da paridade na direção da maior central sindical do país. A votação expressiva de homens e mulheres em defesa da paridade é um exemplo não só para o movimento sindical brasileiro, mas para o sindicalismo de todo o mundo.

Na avaliação de Sônia Auxiliadora, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, a conquista representa um grande avanço porque a sociedade é feita por homens e mulheres. “Para termos uma sociedade melhor, e no mundo do trabalho uma central que realmente represente as ansiedades e desejos de toda a sociedade, a CUT tem que ser composta por homens e mulheres. Na paridade de gêneros é que vamos conseguir modificar nosso Brasil. E a grande Central mostra novamente que está à frente de todas as lutas sociais”, afirmou a dirigente muito emocionada ao final da votação.

Para Adriana Magalhães, secretária de Comunicação da CUT/SP, a vitória é uma estratégia acertada que vem desde a implementação das cotas, em 1993. “Acredito que, além da igualdade do ponto de vista da representação das relações de poder na Central, é a grande oportunidade de nós revermos valores não só no espaço público, mas também na vida privada. É a chance para homens e mulheres construírem uma nova cultura e novos valores nesse mundo, onde nós tenhamos igualdade nas relações e de oportunidades para todos”, explica a dirigente.

Atuando num setor maciçamente masculino, Andrea Souza, da secretaria de Mulheres da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo (FEM-CUT/SP), lembra que o início da participação feminina surgiu com a definição de cotas no Partido dos Trabalhadores, quando as mulheres aproveitaram a oportunidade para trazer o debate ao movimento sindical.

“Como no ramo metalúrgico as mulheres são 15% da categoria, a nossa dificuldade é maior, mas nem por isso deixamos de participar. No ramo é preciso aprofundar melhor esse debate, fortalecer nossas mulheres, aumentar o nosso nível de participação tanto na base, quanto no sindicato. A paridade vai nos dar a oportunidade de mostrar nosso trabalho porque temos muitas companheiras competentes que têm condições, sim, de estar assumindo qualquer cargo de direção executiva com o mesmo empenho dos homens”, ressalta Andrea.

Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, destaca que seu sindicato é uma exceção porque há 70% de mulheres na direção executiva. “O importante de se aprovar a paridade é que a CUT representa a todos, foi a primeira central sindical a aprovar as cotas de participação e isso foi uma referência para as outras centrais. A aprovação da paridade é uma referência para o caminho da igualdade”, declarou.

Formação e qualificação: “ninguém nasce dirigente”

Segundo Telma Victor, secretária de Formação da CUT/SP, as dirigentes "estão buscando formação individual e em grupos, e nosso coletivo nacional, que é desdobrado em todas as CUTs Estaduais, também nos dá a oportunidade. A cada momento que nos encontramos, a cada reunião, para nós é mais do que um momento de formação. É um momento de troca de experiências e com todo esse trabalho, feito com muito empenho, é que chegamos à vitória”, comemorou a secretária.

Telma acredita que “a aprovação da paridade na CUT representa, sobretudo, a organização das mulheres que há anos vem debatendo, vem se organizando em todos os estados e todos os espaços. Hoje as trabalhadoras ainda não ocupam todos os cargos de destaque e poder que gostariam, mas com muita organização chegaremos lá”.

Presidenta do maior sindicato do Brasil e da América Latina, com mais de 180 mil associados, Maria Izabel Azevedo Noronha, criticou a visão de que falta formação e qualifação, e deixou claro que “ninguém nasce presidente de nada, nem diretor de nada, todos são formados no processo. Quando me tornei presidenta da APEOESP, em 2000, fui uma das mais jovens do sindicato e aprendi no cargo. Esse negócio de primeiro ter uma ‘aulinha’ não é verdade. Há uma parte teórica que se vai assimilando e vem a prática – essa é a verdadeira formação. Os homens estão equivocados e tem uma concepção errada de formação”.

Para a presidenta a APEOESP, a paridade “vai dar um ganho de qualidade não só porque é a mulher, mas porque é mais justo. Para nós é muito difícil militar e, ao mesmo tempo, fazer a disputa de um cargo. Garantindo a paridade, a disputa será inclusive entre nós, companheiras, para que os melhores quadros sejam ocupados porque a aprovação deve representar qualidade, ter os diversos olhares e a diversidade garantida”, ressalvou.

Espaços de poder em toda a sociedade

De acordo com Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a conquista é histórica porque “as mulheres vêm ocupando espaços em todas as áreas que antes eram dos homens – no exército, na aeronáutica, nas grandes empresas, inclusive a Petrobras, e também na presidência da República. É uma reivindicação histórica das mulheres que são maioria na sociedade brasileira. Se elas estão aptas para ocupar estes espaços, por que não dentro da central sindical? A contribuição delas é muito importante para o crescimento da CUT e vai render frutos não só na central, mas em toda a sociedade ”, afirmou.

E as dirigentes também deixaram claro que querem espaços de poder efetivamente representativos. Malu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres de São Paulo, frisou que “não queremos ocupar qualquer espaço de poder. Nessa discussão, também debatemos que poder queremos construir. A votação da paridade representa avançar num processo de justiça porque o que temos historicamente nos movimentos sociais é que as mulheres participam muito nos processos de base, mas à medida que vêm os espaços de representação, há um funil que não tem a correspondência da presença feminina”.

A líder da Marcha acredita que “avançar é importante no aspecto da democracia, da justiça e também para que possamos incorporar, cada vez mais, políticas que busquem realmente construir igualdade entre homens e mulheres”.

Topo

APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - Praça da República, 282 - CEP: 01045-000 - São Paulo SP - Fone: (11) 3350-6000
© Copyright APEOESP 2002/2011