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Ter, 07 de Abril 2015 - 15:25

Professores da rede estadual de SP mantêm greve, que já dura 21 dias

A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (2) em assembleia no Masp; próxima reunião deve acontecer no dia 10 de abril no Palácio dos Bandeirantes.

Por: Izabelle Mundim - UOL - 06/04

Os professores da rede estadual decidiram continuar em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (2) em assembleia no Masp (Museu de Arte de São Paulo). A paralisação começou no último dia 16. A próxima reunião deve acontecer no dia 10 de abril no Palácio dos Bandeirantes.

Em entrevista após a assembleia, a presidente da Apeoesp, afirmou que a greve tem ficado mais forte, apesar da não disposição do governo em negociar. "Pedimos reajuste salarial de 75,33% paulatinamente, mas até agora não apresentaram proposta de parcelamento", diz.

Entre as reivindicações, os professores pedem a valorização da carreira, reajuste salarial que equipare perdas salariais, aumento do valor do vale-transporte e do vale-alimentação e são contra o fechamento de salas de aulas, o que ocasionou a demissão de 20.000 professores e superlotou turmas remanescentes.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirmou que "avalia que a decisão do sindicato é extemporânea e ofensiva aos pais e alunos paulistas, uma vez que a categoria recebeu o último aumento salarial há sete meses, em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%".

Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2011 foi instituída uma política salarial que permitiu aos professores e demais servidores da rede estadual de ensino um aumento salarial de 45% em quatro anos.

A Apeoesp argumenta que, passados os quatro anos, o reajuste está desafado e que por isso o aumento de 75,33% equipararia as perdas salarias aos vencimentos das demais categorias de nível superior. Hoje, o salário é de R$ 2.145, para 40 horas semanais.

Os professores paulistas tiveram na segunda-feira (30) a primeira negociação com o governo estadual desde a decretação da greve, no dia 13 deste mês. No entanto, segundo a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, não houve avanço na pauta de reivindicações, pois não foi apresentada nenhuma proposta de reajuste pela secretaria.

A pasta nega que as negociações não tenham avançado, pois foi encaminhado um projeto de lei para que professores temporários sejam incluídos no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, antiga reivindicação da categoria.

  "Nós, professores, não somos inimigos", diz professor em greve

"Para o governo do Estado, todas as greves de professores são políticas", opina Marcos Donizete, 54, que é professor há 27 anos em Bernardino de Campos, a 230 km de São Paulo, e estava no vão livre do Masp, na avenida Paulista, nesta quinta-feira (2) em nova assembleia da Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual paulista para definir os rumos da greve que entra hoje no 18° dia.

"Participei de muitas greves e em todas elas nos acusam de estar chorando de barriga cheia e de fazer greve política", diz Donizete. "Nós não somos inimigos, apenas queremos que a educação tenha a evolução que nós que estamos dentro da sala de aula sabemos que ela precisa", diz. "Nossa categoria tem se deteriorado nos últimos anos e nos meus 27 anos de magistério tenho visto professores adoecerem por causadas condições de trabalho", afirma o professor.

A professora Divina Maria e Camargo, 52, da Escola Estadual Tarsila do Amaral, em Osasco opina que, ao afirmar que a categoria recebeu o último aumento salarial em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%, a Secretaria de Estado da Educação está enganando. "O que foi dado foi a última parcela do reajuste acordado em 2011", diz.

"Estou pagando para ver, ou melhor, estou deixando de receber para ver o que acontece" diz a professora M.C., 50, que preferiu não se identificar por ser uma dos oito professores que aderiram à greve em sua escola. Ela afirma que tem levado falta e que há um professor eventual a substituindo, o que é ilegal, segundo dirigentes do sindicato consultados pela reportagem já que os professores possuem o direito de repor as aulas não dadas, após a negociação da greve.

Ela afirma não ser filiada à Apeoesp, mas destaca o papel do sindicato como agregador da categoria. "Estou aqui porque tenho uma responsabilidade com o ensino no Estado, com os meus alunos", diz.

"Ao descontar o salário dos professores grevistas e só pagar depois da reposição, o governo tem desrespeitado a Constituição, que garante o direito de greve", desabafa a professora de matemática V. S., 30. "Na minha escola, a maioria dos professores não aderiu porque não podem ficar sem o salário. Eu também não posso, mas prefiro apertar agora do que depois", diz.

Ela reclama das salas muito cheias "A gente não consegue dar a atenção necessária e se desgasta muito", afirma ela, que chega a dar aula para uma sala de 52 alunos.

A professora de português P. L. S., 42, que trabalha há 22 anos do ensino estadual e também pediu para não ser identificada, afirma que, em sua escola, a direção tem colaborado com a greve e não tem permitido a colocação de professores eventuais. "Aderi à greve porque a gente ganha muito pouco e trabalha muito", diz. Ela relata que há falta de água e de papel higiênico na escola onde trabalha.

Ela afirma ter alunos da 8ª que não sabem ler nem escrever, pois foi aprovado devido à progressão continuada. "Ele foi empurrado, então os demais alunos se sentem desestimulados a estudar, pois sabem que não serão reprovados", diz. "A questão não é só salarial, é estrutural no ensino do Estado", opina a professora.

Uma pesquisa realizada pela Apeoesp em 2014 indicou que 46% dos alunos da rede estadual admitem que foram aprovados sem aprender todo o conteúdo.

Alunos apoiam a greve

A aluna Manuela Romero, 14, que está no primeiro ano do ensino médio na Escola Estadual Manuel Ciridião Buarque, na zona oeste de São Paulo, afirma que, apesar de a escola ser uma das melhores colocadas no ranking do último Enem, a estrutura não acompanha o desempenho. "A escola está sem água há meses e a minha turma tem 47 alunos. Eu sou a número 44 da lista", diz.

Ela relata que estão sendo colocados professores eventuais para substituir os grevistas. "Mas os alunos não estão indo porque ficam lá sem fazer nada, pois há professores de matemática dando aula de biologia", diz.

Maria Odete Franco, 18, que está no segundo ano da escola Estadual Maria José, na Bela Vista, região central, diz que também há professores eventuais no lugar dos grevistas. "Por isso eu me recuso a participar das aulas", diz.

Eloá Cristina Pereira, 17, que está no terceiro ano do ensino médio afirma ter estudado em casa, pois pretende prestar o vestibular no fim do ano. "Mesmo assim, apoio a greve porque os professores também têm lutado por direitos dos estudantes", afirma.

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