Ter, 12 de Novembro 2013 - 14:46
Por: FÁBIO TAKAHASHI - Folha de S. Paulo - 09/11
As mudanças anunciadas ontem pelo governo estadual dividiram as opiniões tanto de pesquisadores quanto dos sindicatos da categoria. Para os críticos, a medida pode até piorar a situação na educação, pois a retenção eleva o risco de o estudante desistir da escola, apontam estudos na área.
Os apoiadores dizem que a possibilidade de reprovação faz com que estudantes se envolvam mais nos estudos. Cético em relação à mudança, o pesquisador Ocimar Alavarse, da USP, afirmou que "as evidências não mostram que reprovar aluno alavanca a aprendizagem".
Secretária de Educação no governo Covas (PSDB) --responsável pela implementação da progressão continuada no Estado --Rose Neubauer também criticou a mudança. "Nenhum país usa reprovação como forma de melhorar ensino." Ela reclamou principalmente da possibilidade de retenção na 3ª série. "O primeiro ciclo é justamente o que tem tido melhores resultados", afirmou ela, que segue com pesquisas na área de educação.
Em nota, a Apeoesp (sindicato dos professores, ligado à CUT), disse que "não será com medidas como a anunciada que resolveremos o problema da qualidade do ensino". Já a Udemo (sindicato dos diretores de escola, não ligado a centrais sindicais) entendeu ser positiva a mudança.
"O avanço não é a reprovação em si. Mas só a possibilidade de que isso ocorra faz com que o estudante fique cauteloso", disse o presidente do sindicato, Chico Poli. A gerente da área técnica da ONG Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, também afirmou que são positivas as alterações apresentadas pelo governo.
Ela defendeu especialmente a formação de um ciclo inicial com três séries --atualmente, são cinco séries. "Essa é uma tendência no país todo, sugerida inclusive pelo Pnaic [programa do governo federal para melhoria da alfabetização dos estudantes]", afirmou Alejandra.
Ela afirmou, porém, que as alterações só terão efeito positivo se houver formação específica dos professores que atuam na recuperação dos alunos. "Ensinar a mesma coisa duas vezes, da mesma forma, tende a não ser eficiente."