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Ter, 24 de Abril 2018 - 20:25

Atos de vandalismo deixam prejuízos

Correio - 21.04 - Alenita Ramirez

 
 
O vandalismo na rede estadual de ensino em Campinas já causou um prejuízo de R$ 140 mil, entre 2016 e 2017. Nas unidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que incluem Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo, em igual período, foram R$ 331 mil.
 
Os danos incluem arrombamentos, furto de torneiras; de cabos de energia elétrica, internet e telefone; subtração de alimentos e tomadas, vidros e vasos sanitários quebrados; esvaziamento de extintores, além de outras ações. Só no último final de semana, três escolas no distrito do Campo Grande, em Campinas,foram depredadas. 
 
O levantamento feito pela Secretaria Estadual de Educação é trimestral e, ainda, não há dados referentes a 2018. Do total de 160 escolas estaduais em Campinas, apenas 43 registraram ocorrências de danos e outros crimes contra o patrimônio, em 2017, e 50 casos em 2016. Na RMC, foram 104 unidades vandalizadas em 2016 e 89 no ano passado.
 
A região conta com mais de 1,2 mil escolas. “É muito triste e não dá pra entender a atitude de quem comete esse tipo de dano contra a escola. A escola é do bairro e ela é uma conquista pra comunidade. As pessoas já não tem mais o respeito da população mais velha. São outros valores. As escolas se tornaram terra de ninguém”, desabafou o dirigente de Ensino Oeste, Antônio Admir Schiavo.
 
No final de semana passado, as escolas Antônio Carlos Lehman, no Conjunto Residencial Parque São Bento; Álvaro Cotomacci, no bairro Novo Maracanã e Ruy Rodriguez, no Conjunto Habitacional Parque Itajaí. Na primeira, os criminosos reviraram gavetas, arrombaram armários e picharam os móveis da diretoria e secretaria. Para invadir o local, eles desligaram o sistema de monitoramento da unidade, como alarme e câmaras de segurança. Na primeira, queimaram a cortina da secretaria e de uma sala de aula, além de picharem as paredes com lemas usados no crime e frases com conotação de exclusão social. Na Ruy Rodrigues, foi furtada uma TV e o pátio pichado.
 
Os atos não só revoltam e entristecem os professores e funcionários. Vão além: entristecem os alunos que ainda consideram a escola como parte da casa deles e de pais. “Não dá pra acreditar que existem jovens que veem a escola como local de zoeira. Será que eles não pensam que a recuperação do espaço depende do dinheiro dos pais deles?”, disse a auxiliar administrativa Rosalina de Araújo Santos, de 36 anos.
 
Segundo diretores de escola, funcionários e o próprio Estado, muitos dos casos de vandalismo são cometidos por próprios alunos da escola. Em outras situações, o ato é de jovens que estão fora da escola. Eles pulam muros, arrebentam grades, estouram vidros e portões, muitas das vezes por prazer e zoeira.
 
Há dois anos, o vice-diretor da Álvaro Cotomacci perdeu a audição após uma bomba explodir ao lado de sua sala. O artefato caseiro foi lançado pela janela. Traumatizado, o servidor acabou mudando de unidade. Segundo funcionários, os ataques são constantes e acontecem sempre no período noturno. Além disso, a unidade também é alvo de ovos e pedradas.
 
De acordo com professores e funcionários, o vandalismo acontece todos os dias e ele não só está caracterizado com os arrombamentos e pichações que ocorrem nos finais de semana quando a escola está vazia, mas também quando o aluno rabisca a carteira, escreve na parede do banheiro ou faz qualquer atitude que venha manchar ou estragar seu ambiente escolar.
 
“Os registros de vandalismo foram feitos por meio do ROE (Registro de Ocorrências Escolares), mecanismo de registro das escolas que não deve ser utilizado como dado estatístico, mas que permite o apontamento imediato de situações de vulnerabilidade nas mais de 5 mil unidades de ensino, como casos de bullying, agressões e depredação do patrimônio público, com o intuito de aumentar a implementação de políticas públicas para prevenir novos episódios”, frisou a Secretaria Estadual de Educação.
 
Na rede municipal, das 183 unidades, foram registrados três casos de vandalismo em 2016 e oito no ano passado. Todas as ocorrências foram de arrombamento de portas ou janelas, seguido de roubo e furto. O gasto com acionamento de seguro foi R$ 2.310,99
 
Respeito
A Escola Dom Barreto, na Ponte Preta, em Campinas, é apontada como uma das escolas com os menores índices de vandalismo em Campinas. Segundo o diretor, Cláudio Bueno, na unidade os casos reduziram muito após a implantação do professor mediador. “Os programas como BIC, que é ligado a um projeto da Unicamp, o Proerd, com a PM e a atuação do Grêmio, têm ajudado muito para reduzir os problemas”.
 
Apeoesp diz que faltam inspetores
Para o diretor da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Pedro Oliveira, o vandalismo nas escolas está ligado diretamente com a falta de inspetores de alunos nas unidades. Segundo ele, este profissional atua nas unidades como intermediador entre aluno e escola e ajuda na orientação. “Há muitos conflitos nas salas de aula e quando isso acontece, muitas das vezes, o aluno é orientado a ir ao banheiro, a tomar uma água ou dar uma volta, pra melhorar.
 
Se este aluno sai e não acha um inspetor de aluno para conversar, não vai adiantar em nada, pois ele ficará largado nos corredores. É preciso ter funcionários, mas não um só. Esse profissional tem que conversar e saber o que aconteceu com o aluno na sala de aula. Por falta de professores e funcionários na rede, está acontecendo um grande distanciamento da escola e da comunidade.
 
O professor mediador que tem nas escolas, não faz o papel dele, pois se ocupa o tempo todo em resolver questões de indisciplina e não vê o que um aluno tem. Há muitos problemas sociais e é preciso ver o aluno como um todo”, disse Oliveira. 
 
Segundo o sindicalista, só na Campinas Oeste, que abrange as escolas que foram vandalizadas no final de semana passada, há um deficit de 300 funcionários dessa categoria.
 
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