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Sex, 05 de Fevereiro 2016 - 17:12

Reorganizar para que?

 

A divulgação dos resultados das provas do SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) nesta sexta-feira, 5/2, suscita algumas reflexões.

Devemos lembrar que a justificativa do Governador Geraldo Alckmin e do então Secretário Estadual da Educação, Herman Voorwald, para a reorganização das escolas estaduais (que fecharia 93 escolas e segmentaria outras 754 unidades em prédios específicos para as séries iniciais do ensino fundamental, séries finais e ensino médio) era melhorar a qualidade do ensino. Pois bem, de acordo com os dados divulgados, o ensino na rede estadual melhorou no último ano. Pouco, é verdade, ainda distante das metas, mas melhorou. Por que, então, reorganizar?

Na verdade, sabemos que a preocupação do Governo Estadual não é com a qualidade do ensino. Antes de tudo, o PSDB tem uma preocupação gerencial, financeira. Fiel a sua concepção de estado mínimo, quer cortar gastos. Para este partido, educação pública é gasto e não investimento no futuro de nossas crianças e jovens e no desenvolvimento do país.

Há muitas perguntas sem respostas. Qual teria sido o impacto do boicote ao SARESP proposto pela APEOESP e abraçado pelos estudantes durante a luta contra a reorganização escolar nos resultados do exame? A Secretaria apenas diz que foi feito um “estudo estatístico” que concluiu que o impacto foi inexistente, mas não dá detalhes sobre este estudo. Quais foram os resultados de cada escola? A Secretaria diz que não divulga para não se formar um ranking. Ora, como será feito, então, o pagamento de bônus, política instituída pelo PSDB? Todos deverão simplesmente confiar no Governo, sem a apresentação dos dados. Como poderá ser feito, assim, um estudo dos resultados das políticas educacionais do Estado do ponto de vista global e regional, se os dados não forem divulgados?

Apesar de nossas restrições a esse tipo de avaliação padronizada, como o SARESP, e de essas dúvidas, há uma conclusão relevante: o trabalho dos professores da rede estadual de ensino, em interação com seus estudantes, produz resultados, apesar de todas as dificuldades, da falta de apoio, dos baixos salários, das precárias condições de trabalho e de toda a opressão e autoritarismo deste Governo. Se houvesse real interesse das autoridades deste estado, apoiando e valorizando o trabalho dos professores, os resultados poderiam ser muito melhores.

Por força de medida judicial, o Governo Estadual não pode implementar a reorganização das escolas, mas informações que temos recebido de diversas regiões do estado indicam que muitas classes estão sendo fechadas. Até o momento, este número já ultrapassa 800 classes. Ou seja, como vimos denunciando, está fazendo uma reorganização velada, procurando ludibriar professores, estudantes, pais, a sociedade e a própria justiça.

Pelos resultados do rendimento escolar que foram divulgados, o Governo deveria desistir definitivamente desta reorganização e investir em políticas que possam melhorar ainda mais a qualidade de ensino nas escolas públicas estaduais, pois ficou demonstrando que o magistério paulista é valoroso e tem muito potencial.  Em vez disso, se recusa a reajustar os nossos salários, não aplica a jornada do piso (no mínimo 33% da jornada de trabalho dos professores para atividades extraclasses, como determina a lei 11.738/2008), mantém um plano de carreira que não valoriza os profissionais da educação, entre tantas outras políticas que depreciam a nossa categoria. Isto precisa mudar. Urgente.

 

Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
 

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