APEOESP - Logotipo
Sindicato dos Professores

FILIADO À CNTE E CUT

Banner de acesso ao Diário Oficial

Teses e Dissertação

Voltar

Seg, 03 de Fevereiro 2014 - 14:56

Doutorado em Antropologia avalia experiências juvenis em escolas da periferia paulista

Por: Ana Maria Lopes

A escola, a juventude, o funk e a periferia em São Paulo foram o tema da tese de doutorado apresentada por Alexandre Barbosa Pereira no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP.

Sob o título “A maior zoeira: experiências juvenis na periferia de São Paulo”, a tese apresentada em 2010 reúne elementos que estão no alvo das mais recentes mobilizações populares.

Professor da Universidade Federal de São Paulo, Alexandre Barbosa debate a realidade da educação dos jovens na periferia, a partir de uma pesquisa realizada em escolas de ensino médio da Cidade Ademar, na zona sul, e Brasilândia, na zona norte da capital paulista.

A pesquisa buscou entender como as experiências juvenis modificavam e eram modificadas por outras experiências como as escolares, territoriais (de moradores da periferia), tecnológicas, além das questões de gênero, classe social e raça”, explica o professor. Entre essas experiências, destaque para o uso de celulares em sala de aula, Internet, games, sons automotivos e festas funks.

Alexandre Barbosa defende uma maior integração entre a escola e a juventude. “Para não seguir estigmatizando seus alunos, a escola precisa ouvir a juventude e dialogar com suas práticas, principalmente nas periferias”, acredita.

Durante a pesquisa, o professor descobriu que as interações que os jovens estabeleciam com os itens tecnológicos mantinham fortes associações com o lúdico, muitas vezes esse também marcado por particularidades de gênero. “Muitos professores com os quais conversei durante a pesquisa afirmaram que encontravam muitas dificuldades para trabalhar com a juventude contemporânea”, conta o professor.

A tecnologia aparece como um dos pontos centrais dessa dificuldade, já que uma parcela considerável dos professores citou o hábito de alguns estudantes de ouvir músicas no celular como um dos maiores problemas de disciplina que enfrentam na sala de aula.

Na tese de 262 páginas, o professor dedicou capítulos à noção de juventude, a experiências periféricas e experiências escolares. Neste último caso, Alexandre Barbosa abordou, entre outras questões, as diferenças entre os 'tempos da escola' e os 'tempos da juventude' e o repertório juvenil e o repertório escolar.

Para a realização da pesquisa de campo e coleta de dados, além de conversas e entrevistas informais com os estudantes, professores e donos de lan-houses, o pesquisador também frequentou aulas em escolas públicas e acompanhou jovens em caminhadas e atividades como os 'pancadões', festas funks realizadas nas ruas e escolas.

A pesquisa junto aos jovens evidenciou o quanto a questão da violência desponta de maneira complexa no cotidiano dos jovens de periferia. “Há um flerte lúdico entre os jovens estudantes e representações culturais relacionadas à criminalidade, como o funk, alguns games e filmes. No entanto, durante a pesquisa não foram detectadas evidências de que os estudantes com este repertório sejam violentos ou estejam ligados ao crime”, conclui o pesquisador.

SERVIÇO: “A maior zoeira: experiências juvenis na periferia de São Paulo”, doutorado do professor Alexandre Barbosa Pereira, está disponível na Biblioteca Digital da USP: www.teses.usp.br.

Topo

APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - Praça da República, 282 - CEP: 01045-000 - São Paulo SP - Fone: (11) 3350-6000
© Copyright APEOESP 2002/2011