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Qui, 17 de Novembro 2011 - 18:21

Doutorado na USP aborda o politicamente correto na educação

Uma tese de doutorado defendida na Faculdade de Educação da USP levanta uma questão que aflige muitos professores do ensino fundamental. Será que as histórias consideradas politicamente corretas auxiliam na educação das crianças?

Por: Escritor e contador de histórias: Psicólogo Ilan Brenman

Doutorado na USP aborda o politicamente correto na educação

Uma tese de doutorado defendida na Faculdade de Educação da USP levanta uma questão que aflige muitos professores do ensino fundamental. Será que as histórias consideradas politicamente corretas auxiliam na educação das crianças?

Escritor e contador de histórias, Ilan Brenman visitou escolas da Grande São Paulo para realizar a pesquisa “Emília: uma reflexão sobre a produção de livros politicamente corretos destinados às crianças”. A pesquisa surgiu a partir da constatação de que muitos educadores já estão adotando outras versões para músicas e histórias infantis: o Lobo Mau, por exemplo, ao invés de ser morto pelo caçador, acaba fugindo pela floresta. “Atirei o pau no gato” já virou “Não atirei o pau no gato” e há ainda muitas outras adaptações que tentam suavizar as licenças poéticas.

“Segundo a pesquisa que realizei pais e professores do Brasil inteiro começaram a defender estas adaptações, imaginando que, ao reduzir o grau de agressão presente nas histórias, essa violência também se reduziria na vida real”, explica o autor, que é graduado em Psicologia e autor de mais de 20 livros infantis. Com toda essa experiência, Brenman defende que as crianças lidam muito melhor com temas como a morte e outras questões delicadas do que os adultos, que criam interpretações e dificuldades para fatos inevitáveis e irreversíveis.

Além de defender que a literatura educa no momento em que faz as pessoas se encontrarem com as grandes questões da vida e da humanidade, a pesquisa também chama a atenção para o fato de que o texto das obras politicamente corretas é pobre, o vocabulário é reduzido e o conteúdo subestima a compreensão e o sentimento das crianças, ao filtrar os instintos e pulsações que movem todo ser humano.

O doutorado conclui que “ao contrário do que muitos pais e professores pensam, trabalhar com assuntos considerados ‘delicados’ não incentiva ninguém a ser mais violento, ou mais cruel... por isso, não adianta culpar os livros pela violência da sociedade e nem combater essa violência com pseudo-literatura. O que sempre vai funcionar é família e escolas responsáveis pela educação, no sentido integral da palavra”.

Para o pesquisador da USP, a criança que tem contato desde cedo com a linguagem simples e, ao mesmo tempo, sofisticada dos contos de fada e de outros clássicos da literatura infantil conhece mais palavras, enriquece o léxico, e fala e pensa melhor.

A personagem de Monteiro Lobato que dá nome ao trabalho é famosa pela sua rebeldia e incorreções; por isso optar pelo politicamente correto no universo infantil seria condená-la a anular a sua personalidade. Para evitar a condenação de Emilia, os adultos precisam entender o mundo da literatura do ponto de vista das crianças.

“Temos que oferecer às crianças o melhor que a arte permite, como a literatura, que pode ser politicamente incorreta mas deve ser perfeita para crianças inteligentes”, acredita Ilan Brenman.

Para entrar em contato com o autor, escreva para ibrenman@uol.com.br

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