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Qua, 26 de Junho 2013 - 22:20

Falta debate sobre métodos contraceptivos nas escolas, aponta mestrado na USP

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Os estudantes não encontram no ambiente escolar informações sobre métodos contraceptivos, especialmente a pílula do dia seguinte. Esta é uma das conclusões de uma pesquisa realizada pela obstetriz Christiane Borges do Nascimento em escolas estaduais e particulares e apresentada em 2012 à Escola de Enfermagem da USP.

"Conhecimento e Uso da Anticoncepção de Emergência entre Adolescentes Estudantes do Ensino Médio" é o título da dissertação de mestrado focada em jovens de 15 a 19 anos que estudam em Arujá, na Grande São Paulo.

"As práticas contraceptivas na adolescência apresentam uma dinâmica própria, em que as decisões acerca do uso de algum método variam em função de uma série de elementos, como o conhecimento, a experiência sexual e o relacionamento vigente", explica a pesquisadora na apresentação do trabalho de 130 páginas.

Como as escolas não debatem o tema, a responsabilidade sobre a concepção e contracepção passa a ser do adolescente que é, na maioria das vezes, solteiro/a.

A chamada anticoncepção de emergência ou pílula do dia seguinte é um dos métodos mais utilizados quando não há uso de outros métodos de prevenção de gravidez, caso frequente em relacionamentos ocasionais.

Entre os 705 jovens que responderem o questionário da pesquisa, 57,7% já haviam utilizado a medicação. Mas, 72,6% deles nunca havia participado de palestra na escola que tratasse sobre a pílula.

Na lista dos fatores que motivaram o uso do método está a insegurança, em primeiro lugar, com 31,6%. O esquecimento em relação ao uso de outro método contraceptivo ocupa o segundo lugar, correspondendo a 27,1% das citações, enquanto 20,3% responderam que o outro recurso usado para prevenir gravidez falhou.

Os adolescentes revelaram ainda que há uma grande dificuldade no acesso ao medicamento nos postos de saúde. Disponível já alguns anos na rede de saúde pública e privada, a pílula ainda é pouco conhecida.

Segundo a autora da pesquisa, alguns profissionais de saúde não distribuem o medicamento aos jovens por acreditarem erroneamente que a pílula do dia seguinte é abortiva. "Alguns postos de saúde chegam a exigir um termo assinado pelos responsáveis da adolescente ou que ela passe por uma consulta médica antes da liberação do medicamento", conta Christiane Borges.

Durante a pesquisa, a obstetriz aplicou oficinas nas escolas sobre os métodos contraceptivos, dando enfoque à pílula do dia seguinte, tanto para os alunos, quanto para os professores, que sentiram a necessidade de conhecer mais sobre o tema para responderem aos questionamentos dos adolescentes.

"Muitas escolas, principalmente particulares, não gostaram de ser alvo da minha pesquisa por acreditarem equivocadamente que eu estava incentivando os adolescentes a iniciar a vida sexual. Mas, ensinar não é incentivar. Precisamos informar e orientar para que os adolescentes tenham relacionamentos sexuais mais seguros, sem o risco da gravidez não planejada", explica Christiane.

SERVIÇO: O mestrado "Conhecimento e Uso da Anticoncepção de Emergência entre Adolescentes Estudantes do Ensino Médio" está disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP:
www.teses.usp.br

Informações com a pesquisadora: christianeborges@gmail.com

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