APEOESP - Logotipo
Sindicato dos Professores

FILIADO À CNTE E CUT

Banner de acesso ao Diário Oficial

NOTÍCIAS 2025

Voltar

Qui, 03 de Julho 2025 - 17:23

Luta antirracista e educação: conheça projetos pelo Brasil

Neste 3 de julho, Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, a CBN apresenta iniciativas que ensinam as novas gerações sobre respeito, tolerância e afeto.

Por:

A história do livro "Rê Tinta e o pé de jamelão", contada pelo escritor, quadrinista e roteirista da série Cidade de Deus, Estevão Ribeiro, é uma metáfora sobre o ódio direcionado à população negra. O jamelão, um fruto roxo, quase preto, representa o racismo e a intolerância, dentro de uma linguagem pedagógica e didática para crianças.
 
Estevão conta que a inspiração para escrever para o público infantojuvenil foi perceber como ele está sendo preparado para o mundo.
 
"Enquanto a criança branca sai de casa, a família fala assim: o mundo é seu, vai lá, pegue, é seu direito. Já a mãe negra fala assim: vai lá e não cause problemas, porque precisamos que você fique lá. Portanto, o trabalho da educação antirracista é mostrar para essa criança que chega, às vezes, com uma autoestima baixa, porque a missão dela não é não causar problemas. É mostrar que você é um indivíduo que precisa experimentar, que precisa errar e precisa aprender com os erros." 
 
Música
 
No Rio de Janeiro, canções e letras que reforçam a identificação e a valorização das pessoas negras integram um projeto chamado Música Popular Brasileira Infantil Antirracista.
 
A ideia começou em 2023, com 250 alunos. Atualmente, o projeto já alcança 150 escolas públicas do Rio, além de São Paulo e Porto Alegre, totalizando mais de 30 mil estudantes. Segundo o idealizador, professor Allan de Souza, o importante é mostrar o respeito e do afeto para crianças.
 
"O programa atende crianças da pré-escola, na faixa etária a partir de dois anos, que ainda estão sendo oralizadas, que não dominam leitura nem escrita. Mesmo assim, desde já, elas conseguem internalizar valores como respeito, entendimento da diversidade racial do nosso país e afeto, que é o que a oficina procura emanar durante as suas ações." 
 
Interatividade
 
A educação antirracista começou a fazer parte do currículo das escolas brasileiras desde que entrou em vigor uma lei federal de 2003. Baseados nela, educadores de todo o país abusam da criatividade para transformá-la em aprendizado.
 
Em Belo Horizonte, a professora de história Lavínia Rocha é conhecida por dar uma aula interativa sobre a África. Batizada de "pedagogia do entusiasmo", Lavínia mistura material didático e performance, fazendo com que crianças se transformem e interpretem personagens históricos.
 
Além de vencer, em 2022, o prêmio Perestroika, como professora mais criativa do país na educação básica, Lavínia também conseguiu fazer com que os alunos negros despertassem para as próprias identidades. 
 
"Minha aula sobre identidade racial trabalha com pessoas de diferentes raças e etnias. Enquanto eles vão aprendendo sobre os outros, eles também vão aprendendo sobre si mesmos e depois eles precisam aprender a se identificar. Foi muito interessante vê-los assim: peraí, então eu sou negro?
Crianças ali que estão ali naquele limbo racial do pardo, né? Então isso é muito legal porque quando você se enxerga dentro desse cenário, o seu lugar de luta também muda. Não é: estou lutando pelo outro, o outro que sofre racismo. Não! Eu estou lutando pelo outro e por mim."
 
Pensando no futuro, especialistas de todo o país acreditam que a luta pela educação inclusiva deve ser ainda mais abrangente.
 
Por anos, a professora gaúcha Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva dedicou a carreira à luta contra o racismo. Neste ano, o nome de Petronilha virou selo, concedido pelo Ministério da Educação às secretarias municipais e estaduais que promoveram a implementação de políticas educacionais voltadas à equidade racial e quilombola.
 
Para a docente, iniciativas como essas mostram que tipo de país o Brasil quer ser.
 
"O que a educação das relações raciais pretende, e é um trabalho de formiguinha, é que se discuta a sociedade em que nós queremos viver. Como nós queremos que seja este país futuramente, o que nós já conquistamos e o que precisamos ainda fazer para que todas as pessoas sejam valorizadas no seu jeito de ser, de viver. Além do projeto de nação que o seu grupo social, que o seu grupo étnico-racial vem tentando ser reconhecido." 
 
A educação antirracista faz parte das ações por igualdade, que marcam também o mês em que se comemora o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial.
 
Desirée Miranda e  Débora Costa - Belo Horizonte/MG
 
03/07/2025 
 
Topo

APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - Praça da República, 282 - CEP: 01045-000 - São Paulo SP - Fone: (11) 3350-6000
© Copyright APEOESP 2002/2011